DA IMPORTÂNCIA DO CROQUETE
Há dias, fui comprar uns hamburgueres em takeaway: Uma pequena multidão fazia bicha à porta da tasca, disciplinada, com distância mais ou menos de acordo com a ditadura sanitária, tudo minha gente de máscara, muitos com o acusatório olhar com que se presenteia um chato como eu, que não usa máscara (viseira!) a não ser que não possa deixar de o fazer.
Passadas algumas distâncias regulamentars, lá entrei na coisa. Pedi a horrível refeição. Mandaram-me esperar ao lado do balcão, para que outro se pudesse chegar. Um tipo, que me mirava de lado por causa da viseira, pediu sete imperiais. A menina disse que nem pensar, passava das oito, não se podia vender álcool. O fulano ficou furioso, começou a espumar. A menina, muito simpática, propôs uma solução: se pedir comida, passamos a restaurante e já podemos vender. O infeliz disse que ele e os amigos já tinham jantado, não queriam comida, só as imperiaizinhas. Vai daí, a menina foi em seu socorro: compre dois croquetes, e pronto. O rapaz não percebeu: dois croquetes? Sim, está na lista um prato de dois croquetes, com direito a quètechape e maionese. E, sem mais conversa, a diligente funcionária pôs em cima do balcão um pratinho com dois croquetes, um guardanapo, um pacotinho com quètechape e outro com maionese, acrescentando a esta copiosa refeição sete magníficas imperiais em copo de plástico. E lá foi o fulano levar as cervejinhas aos amigos e, possivelmente, deitar os croquetes para o lixo.
Esta cena é uma das muitas que nos dizem da inteligência que preside ao nosso “desconfinamento”(neologismo “covidual”). Tantas são as normas quantas as maneiras de fugir a elas. Ainda bem, felizmente há quem resista à estupidez institucionalizada e obrigatória, fazendo, enquanto tal, inveja ao socialismo constitucional.
Entretanto, morre muito mais gente sem covide do que morria o ano passado, e não morre mais gente com covide do que morria com gripe. Dizem que é do calor. Eu digo que é por falta de assistência médica. Mas quem sou eu para criticar os génios político-científicos que mandam nesta coisa?
8.8.20