DA IMPORTÂNCIA DOS ACTIVOS
Desde os primórdios da geringonça que o IRRITADO vem dizendo que o indivíduo conhecido por ministro da defesa não vale um caracol. Nos tempos da ERC, serviu para tapar ou ignorar todos os indícios (indícios é favor) dos ataques virulentos do senhor Pinto de Sousa às instituições que ao Azeredo competia defender, ou seja, àqueles órgãos de comunicação social que tinham o desplante, suprema injúria, de criticar tão alto e tão sublime governante, ainda por cima do PS, organização que era, e continua a ser, dona da democracia, da república, do país e da opinião dos cidadãos. Depois, ter-se-á feito com o Moreira do Porto, para, a seguir, lhe dar com os pés e se meter com a candidatura do Pizarro, contra o Moreira. Há mais, mas para quê repetir?
Era, desde o primeiro dia, a patente, evidente, claríssimo, que o homem não percebia patavina de tropa, nem de defesa, nem de coisa nenhuma. Além disso, não tinha a mais leve sombra de saber o que é fazer política, comunicar, lidar seja com quem for, ainda por cima com militares.
Muito antes de a história de Tancos vir à baila, o IRRITADO chamou-lhe os nomes que tinha à disposição, de incompetente a palhaço.
A história de Tancos veio à baila, e tudo continuou na mesma, atingindo os píncaros do inacreditável quando, há três dias, o chamado primeiro-ministro declarou solenemente que a criatura era um “activo importante” da geringonça, ou seja, do governo, ou seja, do PS. Nesse momento, e mais uma vez, Costa demonstrou à saciedade (para quem, ainda não soubesse) a sua qualidade como homem e como político: a qualidade dos trafulhas, dos aldrabões e dos oportunistas sem escrúpulos. 48 horas depois, o “activo importante” foi para o caixote do lixo sem mais satisfações. O homem veio dizer que se ia embora de seu livre alvedrio, para não desestabilizar a tropa, coisa que andava a fazer há três anos sob o olhar carinhoso e o aplauso do chefe. Qual livre alvedrio qual carapuça, a historieta é a narrativa da geringonça, que ultrapassa o concebível e o inconcebível: foi corrido pelo Costa no exacto amomento em que alguma notícia nova lhe chegou ao nariz. Em matéria de fake news, Costa dá bigodes ao Trump.
Entretanto, a tropa era fustigada pelos acontecimentos e, sobretudo, pela atitude dos seus chefes - totalmente feitos com a geringonça - que debitavam mentiras e inanidades.
Entretanto, o senhor de Belém, pomposo comandante supremo das Forças Armadas, por um lado “exigia esclarecimentos”, por outro era, ele sim, um activo importante do chamado governo, na medida em que aguentava os generais aldrabões sem uma palavra ou uma atitude e não dava mostras de descontentamento que se visse com o ministro em apreço.
Entretanto, a PGR dava poderes exclusivos à polícia civil, pondo em causa e descredibilizando os militares.
Estava completo o caldo de cultura para a “recuperação” das armas, num esquema de rocambolescos contornos, cheio de mal avisado “espírito de corpo” e de insensato orgulho ferido.
Numa palavra, o assunto entrou em roda livre, as versões são tais e tantas que já não há quem saiba seja o que for, que a verdade se tornou mentira, que nem as mentiras têm pés para andar, que cada um diz o que lhe vem à cabeça, que se cruzam as versões, que a ignorância pública cresce…
O pior é que a malta tão eficazmente tem sido levada pelo governo e quejandos a comer o que eles dizem e fazem que, apática e sem grandes ilusões, não reage. Interessa-lhe mais os tostões que, consta, vai receber em 2019 – o que é compreensível – do que a dignidade do Estado ou o que, a médio prazo, nos vai acontecer.
Os problemas, mutatis mutandis, não são muito diferentes dos dos sul-americanos...
14.10.18