DA LIBERDADE E DOS SEUS INIMIGOS
Anda por aí uma escandaleira desgraçada por causa da chamada liberdade de escolha, significando esta a possibilidade de o cidadão poder reservar uma parte dos seus rendimentos – a que puder e quiser - para a prevenção da velhice, cabendo ao Estado garantir um mínimo, mediante descontos mais leves.
É claro que, para os partidos da extrema-esquerda, isto constitui uma afronta aos privilégios do Estado e à manutenção do seu domínio sobre as opções de cada um. Usam os habituais argumentos da “igualdade”, dos “direitos sociais” e outros estribilhos do estilo, muito do agrado, para nossa desgraça, do Tribunal Constitucional. Mas tais estribilhos só interessam a pacóvios, não a quem tenha dois dedos de testa
O que, na verdade, interessa, para nosso mal, é que haja um partido (o PS) que se diz democrático a alinhar no mesmo atentado ao alargamento da liberdade de cada um. Para esta gente, que pretende vir a governar-nos, a liberdade das pessoas não acaba onde começa a dos outros, mas bate na rocha quando limita a do Estado, nosso dono e senhor – como nunca, mutatis mutandis, foi nenhum rei absoluto.
Dizia a Senhora Thatcher que “não há dinheiro público, o que há é o dinheiro dos contribuintes”. Esta asserção, carregadinha de sentido de responsabilidade e de honestidade pública é, para a cartilha desta gente, um pecado mortal. Segundo “pensam”, o dinheiro que os contribuintes põem na mão do Estado é para ser usado pelo Estado como lhe der na gana. Ninguém tem, por isso, o direito de ver o seu dinheiro capitalizado, ainda menos o de protestar por não ver onde estão as velhas “reservas matemáticas” que serviriam para cálculo das suas pensões. O Estado, acha tal gente, tem o direito de usar o que recebeu dos contribuintes para pagar as mais diversas prestações, ditas sociais, que nada têm a ver com as finalidades para que cada um julgava tê-las pago.
Quando, ai Jesus!, se fala em restituir, pelo menos em parte, a liberdade de escolha aos cidadãos, o alarido é enorme.
A mentalidade desta gente, à revelia do seu tempo e da sociedade que quer dominar, ignora a natural evolução social, quer manter os estatais privilégios que, uma vez no poder, utilizará como entender. Sequer dá, por exemplo, pela adesão das pessoas a aberturas como as dos PPR, coisa que odeia, não dá pelos inúmeros seguros de saúde que as pessoas adquirem, coisa que, ideologicamente, também odeia, ainda que pessoalmente a ela adira, não percebe que as pessoas, no exercício da liberdade que, apesar da esquerda, ainda têm, vão colocando mais meios na sua previdência individual e familiar, mesmo sem alívio dos pagamentos exigidos pelo Estado.
Que aconteceria se as pessoas vissem uns tostões dos que hoje pagam ao Estado por uma previdência cujo controle lhes é negado aplicados de outra forma, com o uso da tal liberdade de escolha? O Estado perderia poder, os governos socialistas veriam diminuído o seu domínio sobre os cidadãos, perdido o controle de milhões, acabada boa parte das suas possibilidades de manipulação do dinheiro dos outros.
Eu sei que o investimento previdencial, como todos os outros, incluindo os feitos no Estado, tem riscos (os pensionistas que o digam!), que a segurança privada depende dos skills de quem a gere, mas, risco por risco, porque não preferir o risco escolhido ao risco obrigatório?
A dona Manuela acha que ”corremos o risco” do assistencialismo, seja lá isso o que for. Já tenho ouvido argumentos menos estúpidos. Mas, dos ideologicamente tarados e dos frustrados - como ela, o Pacheco, o Capucho e quejandos, tudo se pode esperar.
11.8.15