DA MONUMENTAL PESSEGADA
Uma coisa é certa. A história maluca da Alexandra Reis vem, mais uma vez, pôr em evidência o total desnorte do governo. As pessoas já não sabem quantos e quais membros já abandonaram o barco, quantas polémicas, quantas culpas e desculpas, quantas demissões, abandonos, fugas, manguitos, etc., quantos ministros odeiam quantos ministros, secretários de Estado, directores gerais, quantos estão na calha para sair. As pessoas perguntam- se se ainda há governo ou alguma vez o houve.
Tudo normal para quem vê a utilização que o senhor Costa deu à maioria absoluta. Achou-se poderosíssimo, deu entreviatas a chamar nomes aos adversários, passou inúmeros dilúvios sem se molhar, aturou com um sorriso alvar todas as críticas, produziu discursos mentirosos, tomou medidas ridículas a dizer-se salvador do povo. Queira ou não aceitar, à excepção dos servos, está totalmente desacreditado.
Interessante é que há berros a exigir a saída destes e daqueles, mas não há quem exija a única demissão que faria sentido e poderia fazer-nos sair da monumental bagunça instalada no poder: a do primeiro-ministro.
Interessante é ver a (não)reacção do Presidente, desdobrado que anda, como sempre, em declarações, ou inúteis ou contraproducentes. Interessante, como alguém já referiu, é o abismo da diferença entre Rebelo de Sousa e Sampaio. Este, perante um governo cujas polémicas ficavam a milhas das actuais, como não podia demitir um Primeiro-ministro com maioria parlamentar, catrapumba, dissolveu o parlamento. É certo que foi fiel à sua gente. Esperou calmamente que a esquerda (PS e PC) elegesse novos líderes, se estabilizasse, e deu-lhe o poder. Rebelo de Sousa, esse, está calado como um rato, a proteger a bagunça. Nunca foi fiel à sua gente. Limita-se a assistir e, se calhar, a gostar do que vê.
Não vou ao ponto de defender que dissolvesse o parlamento, coisa quase ditatorial. Mas poderia fazer saber que o governo e o seu chefe estão em posição insustentável, sugerindo a sua geral recomposição e indigitando um novo primeiro-ministro. Poderia indignar-se perante a situação de descalabro em que vivemos. Poderia afirmar a inaceitabilidade do que se passa. Poderia ser Presidente e não comentador privilegiado.
Gostava de acreditar que (ainda) há no PS um ou outro politico merecedor de alguma confiança. Se os há, estão escondidos, ou submergidos nas mesnadas de esquerdoides e oportunistas que por lá pululam, sem outras ideias que não sejam ruinosas para todos, e cheios de saudades da geringonça.
Enfim, de qualquer maneira o futuro é negro, e a palhaçada vai continuar. Não é?
29.12.22