DA MORAL DA BANANEIRA
Descobri uma coisa em que estou de acordo com Rui Rio. Alvíssaras.
Nos tempos que correm, é preciso coragem para declarar que a “lei da moral republicana” é uma manifestação da mais rematada hipocrisia. Ser, simultaneamente, contra o senhor de Belém, contra a filarmónica da geringoça, contra a opinião pública envenenada por professores, comentadores e outros senhores, é de homem.
A miséria moral da geringonça começou por achar muito bem que se desse emprego aos primos, aos sobrinhos, aos amigos, a quem se quisesse. Depois, a bronca inchou, o Costa disse umas asneiras, engasgou-se, não respondeu a nada, fez perguntas, tergiversou. Como a história se manteve e até inchou, fugiu em frente, pôs-se a falar de “legislação”, como se tal coisa não fosse uma fábrica de alçapões e de manigâncias. Como se o que interessa, se é que interessa, é limitar os afilhados, e se a solução não fosse limitá-los mesmo. A seguir, não sei por puro cinismo se por falta de sentido do ridículo, arranjou um bode expiatório. E lá foram dois tipos para a rua quando, a ser verdade que mereciam ir para a rua, tinham que ir mais uns cinquenta.
Surge então, do alto do assento onde subiu, o senhor de Belém. Propõe uma lei brutal: até ao 6º grau, seja ele colateral ou não, nem pensar, ninguém pode ser admitido, nem que seja para limpar as retretes da presidência! Força camarada, é assim mesmo. Grande jurista, o resto é conversa. O secretário da geringonça agradece.
Postas as coisas no seu sítio, isto é tudo uma patética vergonha, um ridículo astronómico, a respladecente moral das bananas republicanas.
14.4.19