DA MORAL SOCIALISTA
Depois de quatro anos de reconstrução das ruínas em que o PS (de Sócrates, Costa, Santos Silva e outros, hoje no galarim do poder) nos deixara, Passos Coelho ganhou as eleições sem maioria absoluta. Costa, ainda fresquinho da vitoriosa traição que o levara à liderança do partido, negou-se a negociar com o PSD e foi buscar apoio parlamentar às extremas esquerdas, a soviética e a doida. A geringonça entrou no poder, lá ficou quatro anos e, se calhar, vai mamar outros quatro, preparando o país para a nova ruína que se aproxima a passos largos. É o “novo normal” do socialismo.
Tal “solução” mereceu a elogiosa e generalizada aceitação dos habituais serventuários do PS nos media e no comentário político, os quais se dedicaram, e continuam a dedicar, aos elogios mais malucos, fomentando a instalação da cegueira nas pessoas, via manipulações, mentiras e mentirolas. Ainda por cima, com apoio presidencial.
Muito bem, dirá a nacional-bem pensância. A nova maioria parlamentar tem toda a legitimidade, mesmo metendo no poder, com calçadeira, não com votos populares, os partidos até então classificados pelo PS como não democráticos.
Adiante. Este ano, nos Açores, ficou o PS na mesma situação que PSD conheceu há anos no continente: ganhou as eleições sem maioria absoluta. O PSD local resolveu fazer o que o PS tinha feito: arranjou uma maioria ad hoc, juntando à antiga AD um (ou dois?) deputados do novo partido Chega.
Consequentemente, o PS apresenta aos media um desconhecido (disseram-me que é secretário-geral adjunto do Costa), encarregado de acusar o PSD Açores da mais vil traição, por ter juntado ao grupo um partido classificado pelo PS como não democrático. Ou seja, no continente, o PS tem toda a legitimidade para fazer maioria com vinte e tal deputados de partidos que toda a vida classificou como não democráticos. Mas, segundo o novo PS, oficialmente representado pelo importantíssimo desconhecido que refiro acima - sem citar o nome porque não o sei, nem quro saber – a idiotia, a aldrabice e a imoralidade chegam ao ponto de tal artista vir dizer que o PSD, ao juntar, nos Açores, um (ou dois?) deputado do Chega, está a trair o seu próprio passado.
A falta de vergonha atinge assim os píncaros no cumprimento das normas da “moral republicana” (ó desgraça, há quem coma disto!).
Declaração de interesses: o IRRITADO acha que, nos Açores, o PS devia ficar a governar, à rasca, em minoria. Isto, por respeito a uma praxe constitucional que, no continente, o PS pôs no caixote do lixo. Por outro lado, não deixa de dar um certo gozo que a “solução” do PS tenha frutificado no Atlântico de pernas para o ar. Ou seja, que o feitiço se tenha virado contra o feiticeiro, talvez preconizando tempos menos piores para todos nós.
8.11.20