DA SALVAÇÃO DA PÁTRIA
Corações ao alto, ó portugueses! Vós, que vos acháveis mergulhados em horrendas dívidas, estais agora aliviados de 72.000 milhões, quase tanto como o que a troica, filha espúria de Belzebu, vos havia atirado à cara. Sim, meus amigos, mercê de cabalístos raciocínios miraculosamente saídos da celestial mente do profeta Louçã, eis-vos aliviados!
Mas há mais para vós. Da sua ilustre boca ouviram que, afinal, o tenebroso rating da vossa bem-amada república não interessa a ninguém, foi mandado para o lixo por ele, alto guru da vossa salvação, sorridentíssimo Francisco, vosso amantíssimo pai, mediante decreto pessoal que torna tal coisa indiferente, uma vez por ele condenada à mais fatal irrelevância, como fruto que é, como a troica, das infernais manobras do neoliberalismo.
E mais, meus amigos, muito mais. Daqui por diante, “nada pode ser a fingir”. Sob a sua direcção, a vossa Pátria levantará a cabeça, os fingimentos reestruturantes dos gaspares e das mariasluís vão ser substituídos pela fenomenal verdade que a sua palavra inspira e comandará.
Uma mensagem de paz, como vedes. Paz até com inimigos internos como o Banco de Portugal, subitamente elevado à categoria de fiável parceiro. Porquê? Porque o Profeta arranjou lá emprego e passou a dominar tudo com a celestial harmonia dos seus conselhos e dos seus decretos.
O Estado, a República, o Povo, a partir da sábia e louçânica palavra, vão passar a falar alto no inferno de Bruxelas, quem sabe se fisicamente representados e liderados pelo vosso Profeta, maravilha fatal da nossa idade, novo Varoufaquis português, autor do “passo de gigante” que inspirou, concebeu e decretou.
Para quê dizer mais? Está tudo escrito no “Público”. Basta que vós, ó gentes, saibam ler. Ficarão, como eu, virtuosos, pletóricos de fé e esprança, gratos pela caridade do vosso novo Bandarra, em boa hora mandante do ressurgimento da Pátria.
5.5.17