DA SUBSTÂNCIA DAS COISAS
Há quem não pense duas vezes, ou que quanto mais pense mais asneiras pense.
É o que se vem passando com muito boa gente aqui ao lado, no Império Castelhano, conhecido por Espanha.
Enquanto, nos termos da Constituição democrática do Reino espanhol, os deputados, por esmagadora maioria, aprovam a abdicação do Rei e, por conseguinte, a subida ao trono do seu Herdeiro (299 a favor, 19 contra, 23 abstenções e meia dúzia de cobardes que não votaram), hordas de fanáticos da república – de tão má ou pior memória que o franquismo (lá como cá...) – parecem querer reabrir as feridas da guerra e, se possível, ressuscitá-las.
Os argumentos são de caixão à cova, velhos clichés sem sentido nem ideal, folclore peudo-democrático, raiva pura e simples, estupidez q.b., etc. Incapazes de reconhecer que devem ao Rei a democracia e a liberdade, divorciados das mais elementares considerações sobra a importância da coroa para a unidade do Estado, são capazes de se agarrar a pormenores - poucos que tenham a ver com o Rei - chegando ao ponto, absolutanente falso, de dizer que a república seria “mais barata”. Tanto erro junto, é difícil imaginar.
Felizmente para a Espanha e os espanhóis, o país goza de um vastíssimo acordo político sobre o Regime, acordo onde se incluem os republicanos socialistas e comunistas – coisa impensável entre nós! – e de que se excluem meras franjas ultra fundamentalistas e parte de separatismos mais ou menos inconscientes dos seus próprios interesses.
O IRRITADO é insuspeito de simpatia ou antipatia pessoal por Filipe VI. O nome causa-lhe arrepios. A Senhora não será a mais indicada. Mas isso não importa. O que importa é que a Instituição mais libertadora e inteligente em vigor na Europa se manterá em Espanha, a liberdade dos espanhóis e a unidade do Estado terão um defensor que, como tal liberdade e tal unidade, enquanto substanciais, são subtraídos às circunstanciais pelejas políticas e ficarão para além delas, devida e intemporalmente representadas.
12.6.14
António Borges de Carvalho