DE MAL A PIOR
Numa cruzada dita “cultural”, os plumitivos da Sonae dedicam duas páginas inteiras a uma notável iniciativa de uma trupe teatral portuense.
No seguimento de arrancadas “históricas” bem simbolizadas pelo manifesto ultra-racista de um grupo de africanos (não se sabe se portugueses se estrangeiros), bem como pelas teorias da Universidade de Coimbra que por aí vicejam sob alta direcção desse luminar do comunismo intelectual chamado Boaventura, a tal trupe segue a manada de artistas que ganham a vida a insultar a História.
Metido num contentor, na praia, certamente com umas banhocas pelo meio, o grupo teatral dedica-se a dizer que o Fernão de Magalhães não deu a volta ao mundo (morreu pelo caminho, como toda gente sabe, mas a trupe, em radical manifestação de ignorância, diz que tal não vem nos manuais escolares), nem demonstrou que a Terra é redonda, antes andou a matar gente pelo caminho.
Os artistas teatrais querem “recentrar a história no hemisfério sul”, onde Magalhães é conhecido por Magellan (mentira, em castelhano diz Magallanes). Os Lusíadas, por seu lado, são a consequência de Camões ter só um olho. Os Descobrimentos (palavra maldita, inexacta, aldrabona) o que fizeram foi interromper o avanço das culturas e civilizações que visitaram. Direi que, como é sabido, a África negra já tinha inventado a roda, a escrita, a imprensa, a máquina a vapor, etc., e que os portugueses, não é?, deram cabo disso tudo.
Os portugueses, e os brancos em geral, o que fizeram foi roubar escravos à cacetada. Não, não fizeram negócios com os reis negros e os sobas que vendiam aos negreiros os “cidadãos” que tinham a mais ou os que lhes dava na cabeça.
A coisa, é de sublinhar antes que me esqueça, é financiada pelo senhor Moreira, via programa municipal dito “Cultura em Expansão".
Voltando ao assunto, o objectivo, muito moderado, nada radical e nobilíssimo, é o de “trazer à tona o avesso da historiografia oficial”. A prová-lo, a “historiadora” Grada Kilomba diz que a expansão portuguesa “é uma história de tortura, genocídio, desumanização, exploração patriarcal”. É assim mesmo, ó Kilomba, o Moreira paga! E, a propósito, mais uma vez, de Magalhães, a trupe quer demonstrar que o Sul do mundo não precisava para nada de civilização. E essa ideia de descoberta tem que ser abolida!
A coisa é séria. Os tipos, no contentor, dão espectáculos com reprodução exterior, numa “instalação imersiva que procura também a emersão”, numa atitude de “conteinarização dos corpos”. Percebe-se a profundidade dos conceitos.
Tudo isto é inserido numa fanzine (revista), anglicismo que nem os anglos usam, mas que covenhamos, dá um ar intelectual à trampa.
O que é hoje conhecido tem que ser “riscado, sublinhado, fazendo ressaltar a sua parte criminosa” e “desmontando imagens glorificadoras que foram construídas sobre o sangue dos outros”.
Como estou farto e enojado, passo a abreviar. Se quiserem ler tudo e não tenham tendência para o vómito, vão ao “Público” de ontem.
Mas fiquem com esta, só para despedida: os portugueses sofrem de “geofagia”. Se quiseram vão ao contentor para saber de que se trata. É de borla, isto é, o Moreira paga e a trupe diz, como é de ver, que não tem dificuldades económicas. Pudera!
9.7.18