DELENDUS EST PASSOS
É muito interessante ver o empenho e o carinho com que variegadas gentes se acotovelam para lançar o pobre do Montenegro às canelas do chefe.
O chefe da matilha foi o primeiro a pronunciar-se. Lançou a cortiça às ondas, a cortiça continua a boiar. Uns percebem, outros aproveitam, a maioria, com falhas de memória, ainda não percebeu.
O lançamento do Montenegro foi, como o de muitos outros ao longo do tempo, uma rasteira “científica” do pai de rasteiras que dá pelo nome de Marcelo Rebelo de Sousa. Há quem não se lembre de tantos outros que, via elogios, foram atirados à fogueira nos tempos em que ele era director do “Expresso”, ideólogo do “Semanário”, ministro da Presidência..., quantas vítimas fez com certeiras bocas, quantos deixou cair depois de os ter posto nos píncaros.
Montenegro, jovem inteligente mas suficientemente provinciano para não estar a par dos truques urbanos, verá o que se passa? Acho pouco provável. Verá que mais esta inocente e simpática iniciativa do maquiavelzinho de Cascais, ora altamente investido, se destina, primo, a lançar a cizânia entre Passos e um dos seus mais próximos colaboradores, secundo, a lançar às feras um possível opositor ao seu presidencial estilo. Dois coelhos de uma cajadada.
Marcelo lançou a casca de banana. Servil, a matilha colabora. Artigos no jornal, opiniões aos montes, prós e contras, não há quem não participe. Relvas, vingativo e burro, aparece de repente a dar ao Presidente a sua prestimosa colaboração. Sugere-se por aí que se devia fazer a Passos Coelho o mesmo que o Costa fez ao Seguro. Vale tudo, até repetir a rendosa palhaçada. As manuelas, os riachos, os pachecos, os mauros et alia, rejubilam. Há quem se faça à oportunidade e quem espere na sombra. Já se viu disto muitas vezes. Do escuro, saem os júdices, ferozes apoiantes do Costa, a aproveitar a oportunidade.
Montenegro que se ponha a pau. Que perceba que está a ser instrumento, que investigue quantos já cairam, vítimas dos elogios de Marcelo. Perceberá? Duvido.
23.4.17