DESCULPAS DA MAU PAGADOR
Bem pode o BE ter ataques de histerismo contra os eucaliptos. Bem pode o storyteller Tavares perorar “cientificamente” sobre os mesmos. Bem pode o chamado governo tergiversar sobre o assunto. Bem pode opinião pública estar injectada com este achado de um bode expiatório para os incêndios.
Não é por isso que os eucaliptos deixam de ser parte não neglicenciável da sustentação e da sobrevivência de um ror de proprietários florestais pobres. Não é por isso que os eucaliptos deixam de ser a matéria prima nacional para um dos mais importantes sectores exportadores do país com valor acrescentado próprio. Não é por isso que os eucaliptos deixam de proporcionar milhares de postos de trabalho, milhões de receitas para o Estado, prosperidade para muitos municípios.
Parece pois que há que proteger a floresta de eucaliptos, os mais dos quais ocupam zonas onde explorações de outra natureza não são viáveis ou rentáveis. A propaganda anti-eucaliptos é fruto, ou da ignorância activa sobre o assunto, ou da “religião” ideológica contra tudo o que renda dinheiro a sério, estilo luta de classes a conduzir à miséria, à desertificação e ao marasmo.
O problema é como protegê-los, orientá-los, regulá-los. Ou seja, o problema é uma questão de Estado. Não é, ao contrário do que se diz por aí, um produto da “ganância” dos industriais, porque os industriais tratam melhor as suas florestas que o Estado trata as suas ou vigia as de terceiros. Não é uma questão derivada de provocarem incêndios, mas outra, a de gestão pública do território. Sabe-se que muitos incêndios são alimentados pelo mato, coisa que, em eucaliptais, não tem o peso que outras espécies provocam. Há falta de limpeza, de gestão, de conhecimento técnico. Com certeza. Abandono, com certeza. Porquê? Neglicência ou, na maioria dos casos, falta de rendimento que financie o tratamento de explorações demasiado pequenas. Então, é função do Estado enfrentar o problema do emparcelamento e do apoio à gestão.
Está mais que provado que o Estado, sobretudo o Estado geringoncial, não mexe uma palha nas florestas que dele dependem – olhem o pinhal de Leiria! Está mais que provado que as estradas não têm limpeza das bermas, que não respeitam os limites do coberto vegetal, que não há vigilância da sua manutenção. Tudo escopo do Estado, não dos eucaliptos ou dos seus proprietários. Está mais que provado que as construções, ou as povoações cercadas de floresta não têm áreas de protecção. Tudo competência do Estado central ou do Estado/autarquias. Está mais que provado que as polícias investigam pouco e que a Justiça trata os incendiários com desvelado carinho. Tudo problema do Estado.
Então, meus senhores, tratem do que há a tratar em vez de de andar a entreter a malta com parangonas idiotas sobre eucaliptos!
19.10.17