DIÁLOGOS DO CANECO
-Olá, Pedro, tudo bem?
-Cá vamos, Marcelo, cá vamos..
- Tenho andado a pensar nesta história das presidenciais.
- E...
- É que, sabes, isto tem muito que se lhe diga
- Ai sim? E então?
- Então, olha. As sondagens dão-me primazia, pelo menos dentro da nossa área. Estou à frente!
- Ainda bem.
- Pois. Mas não vai chegar. É que, mesmo que os nossos habituais eleitores votem em mim, não chega, preciso de mais.
- Mas isso é a tua especialidade. Não é por isso que passas a vida a dar uma no cravo outra na ferradura?
- Pois, pá, mas hás-de reconhecer que tenho, por toda a parte, muitas simpatias. Isso deve-se à minha imparcialidade. Não é o que a malta espera de um presidenciável?
- Pois pois. Vá, desembucha.
- A ideia é zangar-me contigo.
- Tens cada uma! Diz lá o resto.
- Precisava da tua colaboração.
- Quer dizer, tenho que te dar uma boa razão para te zangares, não é?
- Ora vês? Não há dúvida que és um tipo inteligente.
- Pois pois, diz lá mas é o resto.
- Olha: aí num discurso qualquer, vais arranjar maneira de dizer que eu não sou bom para candidato. Depois, eu zango-me, e desisto da candidatura.
- Continuas um maquiavelzinho do caneco!
- Nem mais.
- Mas, se desistes, como é que queres candidatar-te?
- Isso é fácil. Arranja-se uma vaga da fundo!
- Uma vaga de fundo?
- Sim, o Barroso já se pôs de fora. O Rio é para São Bento, quando te fores embora. Quem fica? O Marcelo, quem havia de ser? Eu! É o que a malta vai exigir.
- E como é que voltas com a palavra atrás?
- Palavra atrás? Nem pensar. A minha desistência foi anunciada num momento de confusão emocional, em estado de choque. Então não viste o que o Portas fez ao irrevogável, e até foi promovido? Nada estárá perdido. Pelo contrário. Os teus eleitores só me terão a mim para votar. E haverá uma data de gente de outras zonas a votar também, porque são contra ti. Percebes?
- Não percebo, mas não faz mal. Se assim o queres, vamos a isso. Depois não venhas dizer que tiveste azar, ou que eu é que sou o mau da fita. E não te garanto nada.
- Não precisas. Os acontecimentos é que determinarão o desfecho desta história. E, como sabes, quem faz os acontecimentos sou eu!
- Bom, ‘tá bem. Eu digo qualquer coisa. Depois logo se vê.
- Assim é que é falar.
- Bai bai. Beijinhos à prima.
Clik.