DINAMIZAÇÃO CULTURAL
No dealbar dos abomináveis tempos do PREC, hordas de militares, uns de inspiração marxista outros simplesmente ignorantes, espalharam-se pelo país a fim de explicar ao povo o que era a democracia. Chamou-se à coisa “dinamização cultural”. A democracia era o socialismo, sem socialismo não havia democracia, quem não fosse socialista era, objectivamente, inimigo da democracia, ou seja, fascista, inimigo figadal do povo e da revolução libertadora. O socialismo, explicavam os militares, tinha exemplos notáveis de sucesso e de liberdade em países como Cuba, a Rússia ou a China.
Esta gente, ano e meio passado, foi vencida. Mas o socialismo ficou por aí, ora explícito, como na Constitução, ora por diversas formas implícito na noção de democracia. Tudo o que não tenha, evidente, um cheirinho de socialismo, continua a ser objecto de anátema.
Assim, quarenta anos depois, o socialismo “propriamente dito” voltou a fazer parte do poder. Mas, como há dificuldade em fazer passar as suas magníficas ideias, desta feita sob forma orçamental, teve tal poder necessidade de o explicar às gentes, ainda atónitas perante a bastardia em vigor. Orgulhosamente sós perante a Europa e o mundo, os nossos novos donos espalham pelo país fora uma nova “dinamização cultural”, agora levada a efeito não por militares de cérebro lavado ou vazio mas por representantes do poder apostados em exercê-lo custe o que custar e a quem custar, nem que para tal seja preciso dizer que dois e dois não são quatro.
A História tem coisas que, mutatis mutandis, são a mesma coisa.
15.2.16
ET. Depois de aniquilado o twitter que dizia mal dele (não foi ele!, diz ele), Costa entra na net, em dinamização cultural, como os ministros, que, à moda do PREC, mandou em pessoa. Como é natural, este blog não publicará o endereço do dinamizador-chefe.