DINHEIRINHO
Não sepercebe lá muito bem, nem lá muito mal, esta história da nova lei do financiamento dos partidos políticos.
Espremido o limão, ficam algumas conclusões óbvias:
- O PC quer “interiorizar” as receitas da feira do “Avante!” e de outras pessegadas do género.
- O PS quer livrar-se dos processos com que a autoridade tributária o persegue e, pelo caminho, ganhar algum.
- O inexistente PEV vai atrás do PC como é seu dever de sócio fantasma.
- O PAN não interessa, porque é só parvo.
- O BE deve querer vender bilhetes para o acampamento, ou para as manifestações do orgulho LGBTREXPS+.
- O PSD não tem cabeça, espera por melhores dias. Ou piores, se o Rio ganhar.
- O CDS quer aproveitar a ocasião para aparecer, santo, impoluto e honradíssimo, nos jornais.
Não me choca (é só fogo de vista dos media) que tenha havido reuniões de um “grupo de trabalho” informal sobre o assunto, com a desculpa de haver umas “recomendações” do Tribunal Constitucional, que quer dinheiro para pagar a mais contabilistas fiscalizadores. Aliás, o "consenso" foi levado à comissão encarregada do assunto, o que colmata a informalidade.
Não direi o mesmo da presença, também informal, do Presidente do TC, no “grupo de trabalho”. Devia reservar-se, escudando-se com útilíssimas formalidades. Mas as formalidades estão por baixo, como o provam os fulanos que vão a cerimónias oficiais na Presidência sem gravata, e os deixam lá entrar.
E também me choca o aproveitamento que os deputados fazem das tais recomendações do TC para tratar de outros “pormenores”, como o perdão do IVA (com efeitos retroactivos!!!), ou a cobrança de bilhetes em ajuntamentos de propaganda pardidária.
De resto, convenhamos (escandalosamente) que os partidos políticos deviam ser autorizados a aceitar dinheiro das pessoas, desde que devidamente identificadas, como acontece com inúmeros peditórios “solidários” em que são passados recibos utilizáveis em sede de IRS. Se não querem que haja dinheiro por baixo da mesa, o que acho muito bem, então que o ponham por cima. Explico outro caso: a empresa A ou o senhor B dão um milhão ao partido X. Se toda a gente souber que o deram, a empresa A ou o senhor B ver-se-ão gregos para fazer negócios com o Estado, sobretudo se o partido que financiaram estiver no poder ou perto dele. Se os dinheiros fossem transparentes haveria empresas ou milionários a financiar os partidos? Duvido. Mas, nesta matéria, moita carrasco, deixa como está, por causa de óvbvias conveniências.
O senhor de Belém, mesmo correndo o risco de que o colem ao CDS, vai vetar a lei. Outra coisa não é de esperar, se atentarmos no facto de ser, publicamente, contrário a subvenções não estatais, o que parece não estar mal, embora desproteja os que mais precisam em favor dos que têm mais dinheiro. A ver vamos onde vai acabar este desinteressante assunto.
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ET., às 21,30. Quando escrevi este post, logo de manhã, não sabia o que vinha a seguir. Agora que os telejornais transmitiram as opiniões dos partidos, fartei-me de rir. O PC e o BE trataram de sacudir a água do capote. O primeiro declarou que, se lhe derem o taco dos bailaricos, tudo bem, paga o IVA. O BE é mais complicado: assinou, nas não devia ter assinado, isto é, concordou, mas, dadas as reacções, desassinou, a fim de tirar o cavalinho da chva. Lindo. Hihi.
27.12.17