DO COMUNISMO EM MARCHA
Dona Temida, tida por ministra da saúde, não está tremida, ao contrário do que sucederia se houvesse juízo democrático em vigor em Portugal.
Aqui vai um diálogo possível:
O indígena (I): - Doutora Temida, excelência, li por aí que o hospital de Braga é o melhor do país, segundo as entidades próprias para opinar sobre o assunto...
A dona Temida (T): - Pois, é verdade, mas é gestão privada.
I – Também li por aí que as mesmas entidades fizeram contas e chegaram à conclusão que, só num ano, o Estado poupou 33 milhões com tal gestão.
T – Pois, é verdade, mas é gestão privada.
I – Desculpará vossa excelência, mas não percebo.
T – O que é que você não percebe?
I – Se aquilo funciona bem e sai barato, ou mais barato que os outros, não percebo qual o interesse em acabar com a coisa.
T – Pois, percebo a pergunta. A resposta é que é privada, tem que acabar.
I - Não me parece lógico.
T – Você é um chato. Desconfio deve ser um proto-fascista, misógino, falocrata, neoliberal, capitalista, um tragalhadanças.
I – Cada vez percebo menos...
T – Olhe, estão aqui as irmãs Mortágua, a dona Marisa e a dona Catarina, que sabem mais disto que eu e são minhas colegas e amigas.
As quatro raparigas (4R) entram em cena, e cantarolam em uníssono: - Pois é, pois é, a camarada Temida será pouco versada nos fins, mas é fiel aos meios. Isto vai pouco a pouco, até que a economia privada seja totalmente abolida. A saúde, a educação, os transportes, etc., são um passo importante nesse sentido, que é o correcto.
I – Mas...
4R – Não há mas nem meio mas, é o caminho para o socialismo real, tal como assumido, defendido e doutrinado por altas figuras da humanidade, tais o camarada Cunhal, o grande Louçã, o Vasco Gonçalves, o Rosa Coutinho e outros heróis que, na senda de Lenine, Estaline, Trotzky e tantos outros, que juraram acabar com os ricos, nem que para isso seja preciso cortar-lhes a cabeça, a mesma receita para os pobres que forem na conversa dos privados, como você, seu palerma... assim já percebe?
I – Quer dizer, a história do hospital de Braga é só um primeiro passo.
4R – Ó patego, parace que já estás a perceber. Mas não é um primeiro passo. Com a ajuda do camarada Costa Já demos muitos, e muitos mais daremos. Aliás, esta Temida, ou continua nos eixos ou passa a Tremida.
I – Já percebi. Vou tratar de emigrar.
4R – Emigra, emigra, que um fascista a menos é um passo em frente.
Nos bastidores, o servo careca das 4R aplaude, o Costa ri-se, o senhor de Belém regouga: não é bem assim...
13.12.18