DO DESMESURADO PODER DA GERINGONÇA
Não haverá quem não saiba das “diligências” do senhor Pinto de Sousa, vulgo engenheiro Sócrates, para o domínio dos chamados órgãos de comunicação social. Está provado, como estão provados os métodos, manobras, influências, insultos, etc., que eram apanágio da política de “informação” da criatura.
Mais subtil, o seu sucessor espiritual, conhecido por Costa, usa aquilo a que se pode chamar política de ocupação, isto é, à semelhança de Sua Excelência do Costume, tem tantas, tão bem preparadas, tão bem divulgadas presenças em tudo o que é sítio, que não deixa espaço para coisa que não sirva de propaganda. O que, estranhamente ou nem por isso, é aproveitado para as actividades de corta e cola da generalidade dos media, incapazes de distinguir um passeio a Cacilhas de um novo imposto.
Resta uma meia dúzia de resistentes, que lá se vão arrastando até que o camartelo da geringonça lhes caia em cima.
Um bom exemplo foi trazido à estampa por Vasco Pulido Valente. Anunciou ele, para mim em primeira mão, que o mais inteligente e menos geringonço de todos os comentadores, Alberto Gonçalves, foi corrido do Diário de Notícias. VPC, no “Observador”, deu largas à sua indignação. Eu não quis acreditar. Não era possível! Esperei até hoje, para ver se era verdade. Era! Pela primeira vez desde há muito, não havia Alberto Gonçalves no DN, ao Domingo. É o “pluralismo” da imprensa à moda cá do sítio. Lá se vai admitindo um ou outro crítico do social-comunismo vigente, desde que dentro dos limites que a veneração da geringonça admite.
O despedimento de Alberto Gonçalves é a censura na sua mais repugnante expressão, a censura disfarçada, mascarada, sem imagem pública nem lápis azul, mas actuante e eficaz. Assim se priva os leitores da mais acutilante, inteligente, bem humorada, certeira, bem escrita crítica política de que há memória desde Ramalho Ortigão.
Assim vai a geringonça demonstrando o seu poder. Assim vão homens como Paulo Baldaia (quem havia de dizer?) cedendo, servis, às exigências do poder instalado, a que há quem chame governo.
15.1.17