DO JORNALISMO E DO OPINIONISMO
Numa das suas habituais e brilhantíssimas análises, o jornalista Padrinho, perdão, Madrinha, por meio de luminosos raciocínios, concluíu que o PM, ao dizer que não repunha os ordenados da função pública, estava a praticar um acto eleitoralista, assim dando um sinal claro de “arrogância e desespero”. Esqueceu-se de dizer que o camarada Costa, ao dizer o contrário, mais não faz senão contribuir para a felicidade dos indígenas. Mas fica implícito, não é?
O pró-camarada Pacheco dedica uma página inteira do jornal ultra socialista “Público” a descascar nos jornalistas que andam atrás do PM reportando suas visitas e declarações, todas elas, outrossim, eleitoralistas e de pura propaganda. Implícito fica o elogio às reportagens sobre as incursões de 25, ou menos, agitadores da CGTP, copiosamante retratadas por toda a parte, com imagens e entrevistas. Implícito fica o elogio às diárias bocas da Apolónia, da Martins, do Semedo, do Jerónimo, do Carlos, do Ferro, repetidas dias inteiros, a toda a hora, pelas televisões.
O bolchevista Baptista Bastos, coitadinho, queixa-se de ter sido “saneado” do “Diário de Notícias”, coisa absolutamente inaceitável e proto-fascista. Este plumitivo esquece-se, pelo menos, de dois pormenores: primeiro, que não sendo empregado do DN, nem despedido pode ser, quanto mais saneado; segundo, que quem inventou os saneamentos foi o seu próprio partido, tendo o BBesta colaborado activamente com o saramaguismo que, esse sim, saneou catadupas de jornalistas não afectos ao sovietismo. E, dando provas do mais puro “pluralismo”, foi oferecer-se ao DM, que o aceitou, sabe-se lá porquê e por quanto.
Dizer bem do PM ou, sequer, referir-se sem comentários ao que faz, é uma espécie de crime contra a “informação”. Uma sofisticada forma de censura, não é?
Ainda há meia dúzia de fulanos que vão dizendo umas verdades. Mas esses, para os Madrinhas, os Pachecos, os Bastos e para a multidão do facilitismo opinativo e engagé, são gente mais ou menos execrável.
Quando o PM decide denunciar a multidão, eis que está a ofender uma classe de intelectuais independentes, sérios, probos, cheios de deontologia, inatacáveis, verdadeiros exemplos dos mais respeitáveis “princípios”. Diga o que disser, preto ou branco, faça o que fizer, para cima ou para baixo, jamais passará de eleitoralista, incompetente, trapalhão, cheio de “arrogância e desespero”.
3.11.14
António Borges de Carvalho