DO OPORTUNISMO GALOPANTE
Nenhum dos habituais constitucionalistas de serviço (v.g. Miranda, Marcelo e outros inventores e adeptos do semi-presidencialismo à portuguesa) reparou, ou quis reparar, ou lhe conveio reparar, em que a opção europeia e a opção NATO de Portugal estão, como normas de direito positivo, ínsitas na Constituição. A uns, os da esquerda, convém; os outros são dominados pelo medo, não havendo outra explicação.
O Tribunal Constitucional, feroz e poderoso reduto da esquerda, também não deu, nem dá, por isso. À farta, usou e abusou de “princípios”, uns constitucionais outros não, sem recurso a qualquer norma concreta, sobretudo nos casos em que o puro e simples objectivo de fazer a vida negra ao governo e atrasar a recuperação económica e financeira do país ultrapassou qualquer outra consideração: pura e dura política. O resto, conversa pseudo constitucional.
A Constituição proíbe a manifestação de ideologias fascistas e afins, mas não proíbe as do outro extremo do cardápio, que são da mesma natureza, como o presente nacionalismo esquerdista e muitos outros pontos de contacto provam à saciedade. O totalitarismo é constitucionalmente mau se for de direita e constitucionalmente bom se for de esquerda, ainda que, no fundo, sejam “farinha do mesmo saco”, como diria, se soubesse o que diz, o grande intelectual Jerónimo e como há dias disse António Barreto, sabendo o que diz.
Mas estas coisas, a avaliar pelas opiniões de personalidades com grande influência nos media, como os já citados Miranda e Marcelo, a que se junta, felicíssimo, o senhor Reis Novais, recém ressuscitado dos bas-fonds do sampaismo, acham que não: a Constituição é uma maravilha, se despojada expurgada de normas inconvenientes, como as que falam da Europa e da NATO. E passam, em doce manifestação de confiança na democraticidade do PC e do BE, por cima, por exemplo, da manifestação de ontem a favor da “Paz”, coisa que, devem pensar, é pormenor que não põe em causa a sinceridade dos “compromissos” assumidos ou a assumir por tais partidos com o PS.
Com a máscara da democraticidade e da vitória eleitoral da esquerda (uma criminosa palhaçada), não hesitam, por oportunismo ou conveniência, em apoiar a “solução” a que Cavaco se opõe, este sim, no intransigente respeito pela Constituição, pela democracia e pelo futuro do país.
Pela primeira vez desde os tempos recuadíssimos da CEUD, vou pôr uma enorma cruz a toda a altura do boletim de voto nas presidenciais, esperando que, mais cedo que tarde, as interesseiras e politicamente ilegítimas manobras do Costa estalem na boca desta gente.
25.10.15