DO PALOPISMO RUSSÓFILO
Em amorosa comunhão de ideias e interesses, a dona Não-sei-quantas, “senadora” russa, elogiou ditirambicamente o camarada Nyusi, a quem chamou, por exemplo, “parceiro confiável”. Desvanecido, o tal Nyusi, ilustre presidente de Moçambique (membro de pleno direito dos PALOPS e da CPLP, e não de pleno direito do Comonwealth), declarou que a Rússia estava a proceder de modo a “defender a paz e acabar com a guerra”, como se não fosse a Rússia quem a começou e quem a tornou no mais hediondo, bárbaro e criminoso conflito dos nossos tempos. Aqui temos não só uma demonstração de alta inteligência, como de coerência política em relação aos valores das comunidades em que deixam o seu país integrar-se. Isto, sublinhe-se, depois de na AG da ONU não ter votado a condenação de tal guerra, em vergonhosa minoria.
Pelos vistos, não é só o nosso PC que continua fiel ao “Sol do mundo”, agora na sua versão putínica. Mesmo depois dos mais de quarenta anos de guerra, guerrilha, insegurança, instabilidade e miséria que se seguiram à “descolonização exemplar”, provocados pela implantação do comunismo soviético, Moçambique ainda não percebeu, nem quer perceber. Por isso, não sairá da fossa em que se meteu.
Andam almas correctas e modernas, por uma vez muito bem, a espernear contra a admissão da Guiné Equatorial na CPLP, não porque é de expressão castelhana –o que chegaria – mas porque não respeita os mais elementares critérios em que a organização se baseia. As mesmas almas, porém, acham muito bem que andemos aos beijos e aos abraços aos amigos do Putin.
Não é caso único. Voltaremos.
3.6.22