DO PENSAMENTO DA ESQUERDA
Declarações de interesses:
- Tenho o senhor Rui Tavares, chefe do “Livre”, na conta de um indivíduo razoavelmente inteligente;
- Não sou partidário, nem admirador, do senhor André Ventura, chefe do “Chega”;
- Não me agrada o surgimento de movimentos de extrema-direita na Europa, como não me agrada a avassaladora existência de partidos de extrema-esquerda em Portugal.
Posto isto, um artigo do senhor Tavares sobre o senhor Ventura, hoje publicado, suscita-me algumas observações.
O senhor Tavares, não contente com ter comandado uma campanha eleitoral baseada no racismo (de que acusa outros), vem tecer as mais antidemocráticas considerações que imaginar se possa sobre a “concorrência” do senhor Ventura. Os empregos políticos de um e da representante do outro têm exactamente a mesma origem. O senhor Ventura foi tão eleito como a candidata racisticamente apresentada pelo senhor Tavares.
No entanto, para o senhor Tavares, o senhor Ventura devia ter sido impedido de se candidatar. Não passa, escreve o senhor Tavares, de “um fascista”, “um Mussolini de trazer por casa”, “um incompetente”, “um burro”, “um criminoso”, até “evidentemente criminoso”, “um fala barato” “mais organizado” que os seus parceiros ideológicos, o primeiro a ter a sorte de ser eleito. O senhor Tavares até cita um tipo qualquer que disse que o senhor Ventura é “um oportunista levado ao colo pela comunicação social, cheio de dinheiro, com outdoors em todo o país”.
E o principal “culpado” de o homem ter sido eleito é, nem mais nem menos, adivinhem, Passos Coelho, um “casmurro”!
E não houve vivalma que “esmagasse o ovo da serpente antes que ele eclodisse”. Ninguém “limpou a sujeira”. Agora, “que o mal está feito”, é preciso investigar, mediante apuramento sério, “eventualmente criminal”, do seu passado e, sobretudo do dinheiro (um invejoso, este Tavares) de que o Ventura se terá servido para os cartazes. “Por que raio” ninguém investiga?, pergunta o articulista.
Não me oponho a que se investigue, até acho que o senhor Tavares pensa que uma polícia política seria benvida para estes casos.
*
Não os maço mais com a fúria histérica da criatura.
Como não sou, repito, nem adepto, nem admirador, nem seguidor do senhor Ventura, estou à vontade para descobrir a careca do senhor Tavares. Quem é ele afinal? É fácil: um tipo que acha que os venturas deste mundo não deveriam sequer, ter direito a existir, ainda menos a ser eleitos; um estalinista primário, disfarçado de democrata, que quer eliminar os anti-esquerda, começando pelos extremistas da direita, mesmo que mais não tenham feito dizer umas bojardas cometer o hediondo crime de ser eleitos?
A “democracia” da extrema esquerda fica largamente desmascarada com esta furibunda e odienta (se eu fosse como ele, diria “criminosa”) intervenção “intelectuai” do senhor Tavares.
Obrigadinho pela demonstração.
9.10.19