DOBREM A TAXA!
Segundo a mais elementar lógica, o tratamento do lixo de cada país devia ser encargo desse país. Mas não é. Portugal importa a porcaria de terceiros. É de pensar que, dada a livre circulação de “bens” na UE, tal importação não possa ser evitada, incluindo-se a porcaria de cada um no conceito de produto. Que justificação podia o governo ter para proibir tal prática? Proibir o negócio dos aterros? Arranjar maneira de separar a porcaria nacional da estrangeira, e proibir os aterros de receber a segunda? Lançar brutais impostos sobre o negócio, com o inconveniente de taxar igualmente o lixo nacional e o estrangeiro? Não faço ideia, mas algo me diz que, com as preocupações “ecológicas” que animam a generalidade dos políticos, alguma solução poderia se encontrada.
O PAN, das etéreas alturas da sua conhecida “moral”, encontrou a solução: duplicar a taxa cobrada por tonelada de lixo enviada a aterro. Como a taxa é cobrada às pessoas na conta da água, parece evidente que a vamos continuar a pagá-la, agora em dobro, com o entusiástico apoio do PS, do BE, do Chega(!) e do IL(!).
Porquê? Porque os portugueses são uma corja de “mal comportados”, não separam os lixos para a reciclagem. Há que educá-los, “alterar os comportamentos”. O sistema educacional, segundo o PAN&Ca, consiste em aumentar o preço da água. Venha o mais pintado defender, ou perceber os efeitos educacionais de tal sistema. Não seria mais prático alterar os ridículos ecopontos, a que poucos ligam, e criar um sistema selectivo de recolha, em que, às segundas e quintas, se recolhesse o reciclável e, às terças, quartas e sábados, o resto, competindo aos colectores verificar a natureza dos lixos e agir em conformidade, de maneira a, ainda que compulsivamente, as pessoas se habituassem a separá-los? Há cidades onde este sistema funciona.
O que não cabe na cabeça de ninguém é que, pagando mais na factura da água, as pessoas se “eduquem”. Ainda menos que a importação de lixo seja cobrada às pessoas em vez de aos importadores.
Enfim, como quem lê já deve estar a pensar, estou a falar de assuntos de que não percebo patavina, o que será verdade. No fundo, estou a falar de lógica, coisa de que, com base nos conceitos do PAN&Ca, também não percebo nada.
Restará pagar a taxa a dobrar, comer e calar, que é do que a casa gasta.
7.2.20