DOS MALEFÍCIOS DA INTELIGÊNCIA
As miúdas do BE, com o careca à perna, vieram comunicar ao povo os seus sonhos. Começaram, como é lógico, por elencar as desgraças em que estamos mergulhados, tantas, tantas, que quem as ouvisse se julgaria no Burkina Fasso, sem ofensa para este. Um optimista pensaria em Cuba ou na Sibéria nos saudosos tempos do socialismo real. É horrível, dizem as miúdas, e a culpa, como acham evidente, é do governo, ao qual, nesta matéria, juntam dez mil novos milionários.
Por mim, fiquei todo contente. Não fazia ideia – cá no fundo acho que é duvidoso – que, no último ano, tenham emergido dez mil novos milionários. A ser verdade, é óptimo! Nem julgaria que, com a pressão fiscal e as dificuldades financeiras que enfrentamos, houvesse por cá tão grande número heróis.
Vejam como as pessoas são diferentes e como a igualdade é um mito. Os tipos que, para mim, são heróis e merecem admiração e estímulo, são, para as miúdas, para o careca e para os avôzinhos Louçã e Fazenda – que estavam lá a aplaudir os sonhos - uns canalhas a quem cabe, a meias com o governo, a culpa das cósmicas desgraças que nos afligem.
Ou seja, entre os sonhos das miúdas (“o sonho ao poder!”) e a verdade, a distância mede-se em oníricómetros, ou seja, está entre o sono e a vigília. Não é preciso prová-lo. O Sirysa (irmão das miúdas) já o demonstrou, acabando com quaisquer dúvidas.
Admitindo que uma das miúdas é inteligente (a outra é só demagoga), fica igualmente provado que a inteligência, quando usada a partir de premissas de palha, é bem pior que a estupidez.
22.7.15