DOS MALEFÍCIOS DO IVA
A começar pelo IRRITADO, não haverá ninguém que goste do IVA a 23% (ou a 23.25%, que é mais ou menos a mesma coisa).
Outra coisa é saber das efectivas consequências ao nível do consumidor.
Um apontamento interessante é a barulheira quer por aí anda por causa do IVA da restauração. Todos os dias, dos políticos do CDS aos da esquerda - folclórica e clássica -, dos tasqueiros aos hoteleiros, dos vendedores de morangos aos altos dirigentes da classe, não há quem não passe a vida a vir à televisão e aos jornais arengar sobre a “injustiça”, as “ameaças ao turismo”, “o fim de um sector”, “os milhões de desempregados”, etc., tudo por causa do IVA.
Acontece que qualquer cidadão, quando abre o seu email, fica submergido em anúncios e mais anúncios de hotéis, restaurantes, bares, etc., a propor as mais extraordinárias borlas, descontos e preços de arrasar. Qualquer cidadão que vai tomar a sua bica logo de manhã paga exactamente o mesmo, ou menos, do que pagava antes do brutal aumento do IVA, com factura e tudo. E assim por diante.
Então o IVA sobe e os preços descem, ou ficam na mesma? Como explicar tão estranha coisa? A ideia que fica é a de que, pelo menos neste sector, o governo podia aumentar o IVA para trinta por cento: forrava uma pipa de massa, e o Zé Povinho não dava por nada!? O IRRITADO não aconselha tal coisa, mas lá que é de nela pensar, é.
Que se passou então? Várias coisas. Os tipos que viviam à custa das rendas baixas e da fuga aos impostos foram à vida. Os outros aguentam-se e procuram cativar clientes. O mercado passou a funcionar como nos países civilizados. E está mais vivo que antes. Os que berram contra o IVA são os que queriam manter margens especulativas ou se recusavam a modernizar-se e a investir. O resto é conversa e parlapaté político.
Às vezes (quase sempre) a parte da sociedade que dá volta “por cima” safa-se, os que nunca tiveram safa, a não ser com privilégios e aldrabices, não se safam. Que mal há nisto?
11.5.14
António Borges de Carvalho