E AGORA?
O vencedor das últimas eleições legislativas tinha, em programa eleitoral, prometido uma “recuperação de rendimenos” faseada e de acordo com a evolução da produtividade e da economia, estando esta, como a generalidade dos indicadores, no bom caminho.
Sabe-se como o poder político foi usurpado, de forma tão legal quanto imoral, pelo candidato vencido. As promessas do vencedor não viram a luz do dia.
Passados três anos da súbita, brutal e propagandística “devolução de rendimentos”, os respectivos letais efeitos começam a manifestar-se. “Não há dinheiro”, é a resposta do chefe da geringonça às exigências dos bandos de privilegiados que, na compra de eleitores, criou. Sabe-se à custa de quê: do SNS, da Educação, da defesa, da protecção civil, do investimento, etc., etc.. Apesar dos tempos de vacas menos magras que o turismo e as exportações proporcinaram, o dinheiro acabou-se na mesma, isto sem que qualquer reforma digna desse nome tivesse tido lugar.
Entretanto, o sistema foi capturado pelas hordas reivindicativas do costume. Têm elas uma certa razão, já que lhes foram feitas promessas sem sentido nem cobertura financeira. O governo não tem palavra, nem pode ter, só propaganda. Nesta altura, acabou por, finalmente, ter que lhes comunicar o que o bom senso há muito vinha anunciando: “não há dinheiro”.
É claro que o funanbulismo bacoco do chamado primeiro-ministro vai arranjar uma série de catracas orçamentais para dar de beber aos seus sequiosos parceiros, adiando as coisas para 2019, ou seja, empurrando a girândola final com a barriga.
Mas, mesmo sem dinheiro, a farra continua. Dois exemplos:
- Segundo o governo, só nos primeiros seis meses de 2018, analisados que foram 70% dos organismos públicos, progrediram na carreira 344 mil funcionários, aos quais a “mudança de letra” está já a ser paga. Extrapolando estes números teremos, durante o ano, cerca de um milhão de “progredidos”. E, atenção, o estudo não contou com as autarquias! Nada tenho contra a progressão de cada um, mas pergunto de onde virá o dinheirinho, certo de que não vem, nem da produtividade, nem da economia, nem do céu.
- Segundo a Exmª Senhora dona Fátima Fonseca, que parece tratar destes assuntos, no sector empresarial do Estado já foi contemplada com progressãos a módica percentagem de 60% dos respectivos funcionários, o que, nas contas da mesma Senhora, soma 66 mil. Aqui, falta ainda contemplar uns 44 mil.Continuo a achar bem e a fazer a mesma pergunta.
Por estas e por outras (despesas não suportáveis) é que a dívida não pára de aumentar e que o triste governo diz que “o dinheiro não dá para tudo”. Enquanto deu, foi um festim. E agora?
24.7.18