É FARTAR, VILANAGEM!
Há séculos que toda a gente sabe que uma das condições para dar algum alento à economia é baixar a TSU das empresas. O problema é, também toda a gente sabe, como financiar a quebra de receita da Segurança Social enquanto se espera pela reacção da economia.
O cérebro oblíquo e enviesado da geringonça arranjou a mais estúpida de todas as maneiras de tratar a questão. É que a baixa de TSU que arranjou nada tem a ver com a criação de condições para um qualquer estímulo à economia. A redução só se aplica (a “comunicação social” escamoteia deliberadamente deste pormenor) aos vencimentos iguais ao salário mínimo, isto é, trata-se de um incentivo à criação de empregos pagos “minimamente”, sem qualquer reflexo na economia em geral. Coisa talvez digna de uma feira de gado, segundo o douto parecer do número dois da geringonça, mas totalmente alheia a qualquer leitura que tenha ver com a economia. É o contrário do que pensam todos os que pensam numa verdadeira descida da TSU das empresas que tenha previsíveis efeitos positivos no crescimento económico.
Assim, há quem ache que as muletas da geringonça, ao assumir parcialmente o argumento, têm razão. Não é assim. O PC e o BE são contra porque são contra tudo o que possa ir ao encontro dos desejos das empresas privadas: consequência de uma ideologia que causou os maiores males económicos de que há memória na história dos tempos modernos. É uma questão de “pensamento”, não de concordância ou discordância com a medida em si.
PC e BE, cientes de que nada podia, beliscando a geringonça, impedir que a coisa fosse para a frente, resolveram dar um ar da sua graça. Avocaram o eventual decreto ao parlamento, a fim de fazer o seu número de circo. O PSD votava com o PS, e pronto. A palhaçada estava feita, a geringonça salva, eles a cantar loas a mais este episódio da luta na defesa dos “interesses dos trabalhadores”.
A coisa saiu furada. Passos Coelho não foi na conversa. O mercado de gado, sobranceiro, nunca contou com o PSD, nenhuma satisfação lhe foi dada, a arrogância antidemocrática da geringonça e da aliança Marcelo/Costa continuou impante, com os conjurados a rir por ter apanhado Passos Coelho à meia volta. Mas Passos Coelho, usando da serena bravura que sempre o tem caracterizado, jogou a carta da honra e da coerência, sem medo (que nunca teve) dos riscos que a decisão pode envolver. O chamado governo – ilegítimo porque nunca foi proposto aos eleitores – achou, mancomunado com o aliado Marcelo (agora “furioso”) que podia brincar, e sair por cima. Enganou-se. Há momentos em que se vê o que é um Homem com agá grande.
A alcateia uiva, histérica e indignada. Arregimenta insuspeitos, directores de jornais, por exemplo (Paulo Bandaia, que surpresa, que vergonha!), que lançam anátemas em editoriais malucos, articulistas vários, movidos, não pela condenação das muletas da geringonça mas pela daqueles que lhes descobriram a careca. E arregimenta também, sem surpresa para ninguém, a chusma de “amigos”, “filiados”, “adeptos” encartados, que outra coisa não são capazes de ver que não seja uma oportunidadezinha de saltar para as primeiras páginas a zurzir o próprio líder. É o esplendor da feira dos burros, ou da teoria do coice. Olhem o mais falhado, o mais prejudicial de todos os líderes que o PSD já teve, o odioso Marques Mendes, fabricante de bocas e de notícias maradas, coveiro sem apelo do PSD em Lisboa e no país, acusador de gente honesta, persegidor e caluniador dos seus chefes, malfeitor político da mais rasteira espécie! E há mais, tantos mais, tanta inveja, tanta malquerença gratuita e sem sentido.
É fartar, vilanagem!
16.1.17