E OS QUE CÁ FICAM?
A geringonça tomou mais uma decisão histórica: os emigrantes que voltarem serão premiados com um desconto de 50% no IRS.
Estou a pensar ir até Madrid ou, mais simples ainda, a Badajoz, inscrevo-me no consulado e passo a pagar impostos em Espanha. Vou ter com um amigo que tenho por lá e celebro com ele um contrato de trabalho de serviço doméstico, com direito a cama e mesa. Continuarei calmamente a viver em Lisboa, mas com residência fixa, fiscal e legal, em Espanha. Quem sabe se eu estou por cá ou por lá? Segundo as leis em vigor, serei um emigrante, e um emigrante trabalhador, que até transfere para Lisboa, patrioticamente, uma parte do seu salário. A marosca, se bem trabalhada, é inatacável. Ano e meio depois, com armas e bagagens num saco do supermercado, regresso à Pátria amada. Inscrevo-me nas finanças e, no cumprimento estrito da geringoncial lei, passarei dez anos a pagar metade do IRS a que for condenado.
Se houvesse justiça na terra da geringonça, as coisas funcionariam ao contrário. Quem emigrasse, emigrava. Quando quisesse voltar, voltava. Passaria a pagar o IRS como os outros, ponto final. Os que não emigrassem, esses sim, teriam um desconto no IRS por se ter sujeitado a vivar na terra da extorsão fiscal, dos serviços públicos decrépitos, da demagogia galopante, um país aldrabões e de popularuchos, ainda por cima pouco inteligentes.
Haja justiça!
25.10.18