EMIGRANTES
Hoje, na sua entediante newsletter, o “Expresso” descobriu que emigraram, nos últimos 4 anos, nada menos que 475.000 portugueses.
Há dias, li que, segundo o INE, tal número se cifra em cerca de 120.000.
Na boca do Costa, será meio milhão. Na do Jerónimo não sei ao certo, mas devem ser uns 600.000. As miúdas e o careca andam também por aí.
É claro que, no parecer desta malta, TODOS os emigrantes são altos licenciados, mestres, doutores, catedráticos nas mais variadas e especiosas matérias. Os apanhadores de morangos não fazem parte da lista da esquerda. Um rapazito aqui do bairro, ajudante de cozinha em Londres, com certeza ainda menos. Os estudantes, os bolseiros, os estagiários, são considerados “sangria”.
Só chicha, mal paga cá no sítio! Os “melhores”, os “mais capazes”, os “que custaram dinheiro ao Estado” são quem tem o exclusivo do dar à sola.
Facto é que ninguém sabe, nem quantos nem quem são, nem porque emigraram. Vocação, conveniência, falta de dinheiro, desemprego, aventureirismo? Para a malta da propaganda, emigram por causa do governo, e pronto.
Seria um estudo interessante para a Pordata. Mas mesmo esta, em princípio digna de crédito, não tem, porque não pode ter, meios para determinar com acuidade os números e as razões.
Não faço parte dos que acham a emigração um flagelo sem precedentes. A crise será a culpada em muitos casos. Mas algo me diz que tais casos são capazes de não ser a maioria. Toda a vida emigrámos, ou emigraram gentes com vontade de trabalhar.
O grande pensador António Costa dizia há dias que temos de redescobrir os nossos “brasis” e as nossas “índias”. Então de que se queixa?
28.9.15