ENCANAR A PERNA À RÃ
Não vos incomodeis com a greve dos enfermeiros. A coisa está a ser tratada pelo chamado governo. É um descanso. Se estais aflitos por não verdes, nem à distância, a cirurgiazinha pela qual esperais há dois anos (o que é isso, dois anos?... bem pouco, no país da geringoça), não temais. O chamado governo, bem personalizado pelo seu inigualável chefe e pela ministra da ideologia sanitária, mandou fazer um “parecer”. A quem? Não interessa. Mais um parecer. O chamado governo não decide sem mais um parecer, como sempre acontece quando não sabe o que fazer à vida. Até à chegada do parecer, fica a geringonça descansada. Vem o parecer, quando vier. Se o parecer não se coadunar com a ideologia, pede-se outro. Espera-se mais uns tempos. Depois, recorre-se à PGR a ver se há contornos criminais na enfermeirática greve. Aí, fica tudo suspenso, a coisa passa ao domínio do segredo de justiça. Vós não tendes cirurgia nenhuma, mas não faz mal, porque o governo, muito preocupado, nada pode fazer, o assunto está entregue a quem de direito.
Dado o carácter sacrossanto do direito à greve, o governo da geringonça não pode, não deve, nem fará nada. Os enfermeiros já dizem que ficam em greve até às legislativas. Que bom. A requisição civil é coisa desproporcionada segundo a geringoncial cobardia. Ficai à espera. Como estais doentes, não tendes “força reivindicativa”. Tal capacidade está reservada à função pública, enfermeiros incuídos. Vós, ou não sendo funcionários públicos, ou estando doentes, não contais.
Como é dos livros do poder vigente, tendes à vossa disposição as maravilhas do socialismo. Aguentai-vos, ó gentes! Não temais. A geringonça vela por vós.
4.2.19