ENCANAR A PERNA À RÃ
Em mais uma manifestação de “abrangência”, os senhores Rui Rio e António Costa, unidos no mesmo tempo e lugar em suave comunhão de objectivos e ideias, deram-nos a sua opinião, a mesma, sobre um alto “desígnio” nacional: a regionalização!
O país (nós!) debate-se com conhecidas dificuldades. Vai daí, os dois estimados senhores, provavelmente porque nada têm a dizer a tal respeito, resolvem exumar uma questão a seu tempo enterrada pelos portugueses em referendo nacional. Há que criar distracções que permitam passar para segundo plano os problemas para os quais nem um nem outro têm outras soluções que não as vigentes. Alternativas, zero. Se calhar não as há. Uma boa cortina de fumo é o ideal para entreter o pagode e dar ânimo a todos os que, por esse país fora, sonham com um bocadinho mais de poder. Lado a lado, os dois pretendentes tratam do assunto. É o mesmo que dizer, como o PC, “uma política patriótica e de esquerda”: não quer dizer coisa nenhuma – se quisesse, imagine-se a desgraça. A regionalização, nova bandeira dos dois inesperados sócios, também nada quer dizer – se quisesse, imagine-se a desgraça.
De um deles (Costa) compreende-se a atitude. Sem nada de concreto, ou credível, para dizer, nada melhor que uns fogachos. Do outro, é uma triste surpresa. Um homem em quem tanta gente acreditava, metido nestas andanças. Rio quer chefe do PSD, primeiro ministro, presidente da república, tudo! Está no seu direito. Não está é no de defraudar tanta gente que nele pode ter acreditadso ou vir a acreditar.
A fim, com certeza, de poupar uns dinheiros, os “homens do futuro” querem arranjar mais uns “governos regionais”, umas “assembleias regionais”, uns “ministros regionais”, umas “eleições regonais”, tudo “transparente”, tudo “democrático”, tudo “descentralizador”. Mais umas centenas de “funcionários (centenas?) regionais”, de “automóveis regionais”, de “motoristas regionais”, de “adjuntos e assessores regionais”, etc. e tal. Um fartote.
O Porto conseguirá – finalmente! - ser a “capital do Norte”, haverá “capitais” nas Beiras, no Alentejo, no Algarve, por toda a parte.
Se não fosse ridícula, a ideia seria só perigosa.
Esperemos que os pretendentes ao poder ganhem algum juízo e se deixem de bocas para papalvo ouvir.
19.1.15
António Borges de Carvalho