ENERGIAS
Não faço ideia nenhuma se os tipos da EP são culpados ou não das trafulhices de que os acusam. É verdade que nem eles nem o sinistro Pinho me merecem qualquer confiança. Enfim, assuntos da Justiça que, com alguma sorte, daqui a uns dez anos serão resolvidas.
A história que devia ser tratada, mais do que esta, é a da política energética do país. Ao longo de muitos anos, vem a opinião pública sendo injectada com a peregrina história do clima, das energias limpas, da necessiadade de legislar de acordo com os altíssimos objectivos europeus, coisas que, em si, podem ser aceitáveis, desde que seguidas com conta peso e medida. Mas há uns que estão muito orgulhosos por acelerar mais que os outros no cumprimento (antecipado) de objectivos. Portugal tornou-se, e disso se orgulha e gaba, num dos países mais à frente em tais matérias. Por todo o lado, multiplicam-se moinhos de vento e florestas amazónicas de painéis solares. Muito bem, diz a “bempensância” estabelecida.
O problema não é esse, é o da forma como o “avanço” foi conseguido, é o da fingida liberalização energética, expressa em rendas garantidas, benefícios fiscais e outras prebendas. O resultado é que, para implementar o “progresso” energético, se sacrifica o país inteiro, as pessoas, as famílias, as indústrias, a economia em geral, assim garantindo o “sucesso” dos que vivem à pala das políticas públicas, num inextricável mar de privilégios. É a liberalização do mercado, mas de pernas para o ar, o contrário da concorrência, o contrário do risco, preços garantidos, rendas obrigatórias, facturas astronómicas sem outra explicação que não seja a da inoperância e da incompetência públicas - se calhar com pigos ou lagos de venalidade.
Para consolo dos que acham que “somos os melhores” por termos mais energias alternativas que os outros, uma Nação inteira é prejudicada nos seus mais legítimos interesses. É cara, a propaganda, mas eficaz quando mete areia nos olhos das gentes.
Os que se lambem com rendas não são culpados, aproveitam as oportunidades que lhes são dadas de mão beijada por políticos sem visão nem objectivos outros que não sejam os de seguir modas impingidas por terceiros, e gabar-se ao espelho. Isto, sem tocar em eventuais assuntos mais “sensíveis”, que desconheço mas de que muita gente desconfia.
Ninguém saberá como sair disto. A não ser, desconfio, o Galamba, que nos quer pôr a produzir hidrogénio. Coisa baratinha, mais de sete mil milhões. E lembrar-me eu que, há anos, houve quem propusesse tal verba para disponibilizar energia nuclear, limpa e com factura mais barata. Mas isso é roupa de franceses. Não é para um país que recusa o petróleo, o lítio, e tudo o que tenha hipóteses de o tirar da miséria.
6.7.20