EROS E TANATOS
A pedido de várias pessoas, cumpre que me pronuncie sobre a eutanásia, nova coqueluche das esquerdoidas e de várias personalidades e organizações. O assunto é sério demais para ser tratado por aquela gente, ou com os argumentos daquela gente.
Se me perguntarem se estou contra ou a favor da eutanásia, não saberei responder em definitivo. Olhando para os farrapos humanos que, infelizmente, tenho tido bem próximo, tenderei a dizer que estou a favor. Não é fácil olhar os nossos (ou outros) e vê-los reduzidos a restos, sem memória, sem movimentos, pior que vegetais, mortos vivos. E não é difícil pensar que a morte propriamente dita é, ai de mim, um bem.
Para além destes sentimentos, que podem ser nobres, mas são fáceis e imediatos, há vários problemas, humanos e civilizacionais.
Dos primeiros (humanos), sobreleva o que nos diz que ninguém sabe de ciência certa a verdadeira vontade do doente. Ninguém sabe se, no fundo da (in)consciência de quem vegeta, não está, ainda, alguma vontade de viver. Mesmo aqueles que terão, no seu perfeito juízo, determinado um dia que, verificadas certas circunstâncias, preferam morrer. Ou que os matem.
Dos segundos (civilizacionais), direi que vivemos em sociedades onde o direito de matar não existe. Podem os atingidos pela desgraça ter manifestado a vontade de morrer em certas circunstâncias, mas, verificadas elas e partindo do princípio que não modificaram a opinião expressa em perfeito juízo, terão o “direito de morrer com dignidade”, como se propagandeia?
Mas terão os outros o direito de os matar?
A questão da eutanásia tem mais a ver com o direito de matar que com o de morrer, com dignidade ou sem ela. O direito de matar, repito, não existe. Há excepções, mas sempre motivadas por excepcionalidades, passe a redundância, como a guerra ou a legítima defesa. Mas não parece civilizacionalmente aceitável que haja que mate o seu semelhante conscientemente e sem ser em presença de provocação que o justifique. Nem a pedido do próprio, ainda por cima expresso em circunstâncias que já não se verificam.
É isso a eutanásia: dar a terceiros, em plena consciência e sem provocação, o direito de matar o seu semelhante, com base em factos que se situam no terreno do incerto, do inverificável, do desconhecido.
Resta voltar ao princípio. O BE costuma pensar com o pélvis. As suas iniciativas têm a ver com questões sexuais nas suas mais variegadas versões. Querem “chocar” a sociedade, as mais das vezes inventando ou alegando histórias que alegam ter a ver com “direitos”. O que interessa é vir nos jornais, fazer tonitruantes declarações, alegar taradices, excepcionalidades e defeitos físicos de vária ordem e transformando tudo em excelsas qualidades. É a face Eros do BE& Cª.
Quase esgotada esta (não se sabe se farão mais descobetas...), dedicam-se agora a Tanatos. Desde que seja propagandisticamente válido, chocante ou desestabilizador, é válido. Iludam-se os que pensam que esta gente está preocupada com as pessoas. O que a move é a publicidade.
12.5.18