ESCLARECIMENTO
O Senhor de Belém, em boa hora, promulgou o orçamento do estado da geringonça, documento destinado a que se perceba, mais uma vez, que o custo dos votos a ganhar e da baixa do défice é directamente proporcional ao valor das cativações e dos cortes na saúde, nos transportes, na educação, no investimento, na economia, tudo coisas, diga-se, sem importância de maior.
É claro que o anúncio da dita promulgação foi acompanhado de lamentações de vária ordem, tudo a dar a entender que o Senhor de Belém sabe o que se passa. A seguir, como conclusão lógica das suas opiniões críticas, o mesmo senhor diz que o orçamento é bestial e merece entrar em vigor.
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Vem à memória do indígena o dia em que os tipos do gato Fedorento “entrevistaram” um comentador da altura, do mesmo nome que o Senhor de Belém, sobre a história do aborto. O “entrevistado” disse que sim, pois, o aborto era condenável, uma chatice, uma ofensa a isto e àquilo, e que, pois, não é, na sua opinião, claro, os sinais dos tempos, etc., pois, é evidente, quanto ao assunto a minha opinião, claríssima, paralelamente e vice-versa, muito clara.
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Donde se conclui que, na mais alta opinião do país, o orçamento não presta para nada, por isso é óptimo e está no rumo certo, traçado pelo governo.
O IRRITADO, do fundo do coração, agradece o esclarecimento de Sua Excelência.
22.12.18