ESTADO DA NAÇÃO
Afinal, estamos no melhor dos mundos. Está tudo a correr pelo melhor, o orçamento nos varais, a malta satisfeita, o governo, o presidente, o parlamento, tudo de acordo, não há manifestações, nem greves e, não fora o inimigo (a UE) e alguns pequenos problemas de pormenor, estaríamos no paraíso! Quem isto disse, por entusiásticas palavras, é conhecido como primeiro-ministro de Portugal.
É verdade que está tudo a correr pelo melhor para as clientelas do governo. Os outros, que interessa os outros? É verdade que o chamado governo, o parlamento (PS/PC/BE) e o presidente estão todos de acordo. É verdade que o orçamento está nos varais. Que interessa que o Estado deva dinheiro a toda a gente, que não cumpra as senteças do Tribunal Constitucional que imponham despesa, que assobie para o ar quando lhe lembram tais factos? Que interessa isso? Nada, pormenores, manobras antipatrióticas. É verdade que não tem havido greves (o pormenor dos estivadores foi magistralmente negociado!) nem manifestações. Pois não, quem faz greves e manifestações são os clientes do Estado, que estão satisfeitos com as suas impagáveis prebendas. O bigodes dos professores manda na educação, o Arménio nos outros. Os demais (os que produzem) não têm esses hábitos: trabalham e vão vivendo. Que importam?
Estamos perante as habituais verdades do chamado governo. E estamos também perante a grande aliança protofascista e nacionalista vigorosamente declarada pela dona Catarina que, de sociedade com as Lepenes deste mundo, declara guerra ao inimigo externo, como é costume de todos os fascismos, à esquerda e à direita.
Dois apontamentos me restam sobre o que vi do debate do estado da Nação. Primeiro, o abismo de dignidade e postura do chamado primeiro-ministro e do chefe da oposição: um parlapatão popularucho face a face com um Senhor. Segundo, a prestação de um fanático, vindo dos Açores para abandalhar o parlamento com um discurso que, de tão reles, nem Ramalho saberia classificar. A baixeza a presidir a um partido que já foi decentezinho.
E uma pergunta: como pode o homem dos afectos ter a ilusão de ser possível haver consensos, compromissos, ou seja o que for com gente desta?
8.7.16