FAKENEWS
Isto de notícias tem muito que se lhe diga. Um homem morreu depois de estar quatro horas à espera na urgência do hospital. Quatro horas? Ninguém sabe, já que, na mesma reportagem, a menina diz que foram três horas e meia e, no rodapé, aparecia, por escrito, que foram três horas. Fiquei à espera que dissessem que o infeliz tinha morrido à chegada. Bons exemplos que o governo dá.
Para ter uma ideia do que são certas notícias, sobretudo as que vêm do governo, olhem a história maluca do Metro de Lisboa, inacreditavelmente objecto de uma decisão parlamentar. Em três dias, distintas e ministeriais personalidades declararam a)que estavam perdidos oitenta milhões de euros em dinheiros da UE, b)que nada estava perdido e c)que, pelo menos parcialmente, o taco seria recuperado. O chefe dessas criaturas pôs ponto final na discussão: d)está tudo perdido!
Quem sabe o que o homem queria dizer com isso: que está mesmo tudo perdido, ou que só o está uma parte, ou que tudo é recuperável? Na minha opinião, pode ser tudo “verdade”. Vejamos: se estiver tudo perdido, assunto arrumado, esqueçam. Nas outras hipóteses, será uma das habituais jogadas da criatura, ou seja: se recuperar algum, fará três discursos no parlamento, convocará duas conferências de imprensa e fará uma visita a Belém, a louvar o seu feito; se recuparar tudo fará o mesmo, mais um jantar comemorativo e um baile de máscaras, com charamelas e fogo de artifício.
O terreno fica preparado para tudo, em qualquer dos casos a “informação” colaborará activa e respeitosamente, e concluir-se-á que o primeiro-ministro só disse verdades. Os ministros também. Tudo na maior...
...E o foguetório governamental sobre o aumento da produtividade nacional? Segundo um tal Centeno, em 2019 o país “cresceu” dois por cento, mais zero vírgula do que estava previsto. Do Terreiro do Paço, a coisa foi anunciada como sensacional, fantástica, mais uma enorme vitória da geringonça e, claro, do tal Centeno e do chefe Costa. A criatura esqueceu-se de dizer que, em 2018, o crescimento foi de dois vírgula quatro por cento. Justifica-se: não vinha a propósito. Aqui está uma verdade que, substancialmente, é uma mentirola parvalhona.
19.2.20