FELICIDADE A RODOS
Toda a gente sabe o que se passa nos transportes desta ridente, alegre, luminosa e feliz cidade de Lisboa. Uma maravilha.
O metropolitano tem as carruagens a cair aos bocados. Por “azar” – diz o chamado ministro – não tem havido bilhetes, nem funcionários que os vendam, nem cartões, nem “rolos” - diz a tipa dos sindicatos -, que são fabricados em França, parecendo que os franceses têm o vício de querer as facturas pagas. Que lata! Horários e outros pequenos detalhes deixaram de ser respeitados, certamente por “azar”. Na Carris, a situação é semelhante, a manutenção não tem peças, os horários fazem saudades, os autocarros vão estando em saudáveis quarentenas, etc.. Na linha de Cascais é mais ou menos o mesmo, tudo a cair de podre, acrescido de hordas de vândalos a chatear quando não a esfaquear os passageiros. Parece que só se safa a Fertagus que, logo por azar, tem gestão privada e um contrato com o monstro (o Estado) que lá vai cumprindo como pode e deve. Agora, junta-se ao inacreditável panorama o caso da Transtejo, com navios sem certificado de navegabilidade, outros avariados, a malta em pulgas a chamar a atenção de “quem de direito” (há disso?).
Dizem para aí que, depois de se ter dado cabo do que estava contratado, isto é, depois de o chamado primeiro-ministro ter decretado que os contratos assinados não existem(?!), vai dar-se a “municipalização” dos transportes, o que terá a vantagem de, mais dia menos dia, se acabar com o que resta, depois de se lançar umas taxas para comprar parafusos e similares. Alegrem-se. Diz o Me.dina que vai ressuscitar a carreira 24, uma empreitada das boas a juntar a tantas outras. Que bom, não é? O dinheirinho que o dito Me.dina podia aplicar a tratar dos transportes vai todo (quanto?) à vida, consumido por obras sem pés nem cabeça, mas com muitos empreiteiros, muitas facturas e muita bagunça.
Podem a geringonça e o Palácio de Belém ficar descansados. Os passageiros, chamados utentes, não estão organizados, institucionalizados, enquadrados, não existem para os condotieri profissionais. Os generalíssimos da bagunça estão mais preocupados com a saúde da geringonça que com os transportes ou os transportados. Vivemos em “paz social”, alimentados pelos presidenciais beijinhos e outras tretas. Não há razão para preocupações. A direita, se se preocupa, é porque é parva, come sabão às colheres e, por definição, nunca tem razão.
No meio disto tudo ainda há quem não acredite no diabo. Ele não vai chegar, já aí está, cheio de força, vigor e altas bênçãos.
20.12.16