FOSQUINHAS
Saudemos com o devido entusiasmo o novo critério, inventado por um contratado da rapariga que, via jornal que, sendo privado, se chama “Publico” (ó Belmiro, andas a dormir ou quê?), atribuiu a si própria a nobre missão de fazer a propaganda intelectual da esquerda em geral e do PS em particular: o critério das fosquinhas.
Passo a pormenorizar. O senhor Costa – o do BdP, não o outro – conforme descrito pela tal rapariga, exibe, por “linguagem corporal“, uma “forte incongruência”, que faz com que não exista “clareza nenhuma na informação que proferiu”. Que informação, não se sabe, sabe-se é que a directora do órgão oficioso da nacional-esquerdofilia adopta a opinião do linguocorporaltologista cuja contratação deve fazer parte da luta contra o desemprego a desencadear pelo outro Costa (o do Rato). A partir de tal e tão certeira opinião, conclui que o senhor Costa (Carlos) faz “trejeitos e caretas” que o tornam responsável por inenarráveis malefícios e o condenam a desmerecimento da renovação do mandato.
A criatura garante que “93% do que comunicamos não é por palavras, mas por gestos e pequenas expressões do rosto”. Consequência, um tipo que faz “trejeitos e caretas” jamais deveria ser reconduzido no BdP.
Hemos de convir que, por determinação do “Público”, daqui em diante o critério de escolha se vai simplificar. Quando o Costa António arreganhar a beiçola, aí teremos o PM ideal; quando o Lelo rir alarvemente, aí estará um fantástico ministro do vinho e da vinha; quando o Santos Silva arregalar as lentes, não, não será repugnante e intragável, mas angelical, o mais apto para ministro da propaganda; quando o Silveira ajeitar as onduladas melenas, aí estará o futuro chefe da condição feminina. E assim por diante. Se o Passos aparecer em calções na Mantarrota, que horror, como é que um tipo destes tem pretensões políticas; se o Cavaco coçar a ponta do nariz provará a sua visceral incompetência; se o Portas aparecer de boné, eis o último dos inadequados.
Estão a ver? Quem tem dúvidas em quem votar tem a vida simplificada: o melhor arreganhamento da taxa será o escolhido. A menor fosquinha será condenada. Pelo menos na opinião da fulana do “Público”, opinião a respeitar e a seguir, como não pode deixar de ser, com 93% de certeza.
Voltando às doutas palavras da tal rapariga, fiquem os meus amigos avisados: o alvo não é, evidentemente, o Costa Carlos. É o PM, que o renomeou. Não interessa que tenha sido, primeiro, nomeado pelo governo dos senhores Pinto de Sousa e Costa António. Esses tinham toda a razão. Passos é que não. Não interessa que um banquinho, o BPN, tenha custado, via PS e via Constâncio (um luminar!), pelo menos oito mil milhões - fora o resto -, nem pensar! Foi só peanuts. Se um bancão, o BES, custar um décimo, aí sim, teremos uma demonstração evidente do desprezo do Costa Carlos e do PM pelo dinheiro dos contribuintes!
Estas tão cristalinas opiniões são, com certeza, fruto de jeitos e trejeitos, fosquinhas que não concitam o agrado da chefe do “Público”. Faça o PM o que fizer, ai dele se a “linguagem corporal” não for do agrado da megera!
25.5.15