FRASES
Há alturas em que a necessidade de dizer coisas ultrapassa o tolerável. Olhem para estas duas:
Guterres foi o mais amado de todos os políticos portugueses, disse o senhor de Belém. Amado por quem? Porquê? Duas perguntas que ficaram no ar. O Presidente chegou à conclusão que, ele mesmo, ama o adversário de sempre. Ama o homem que se opôs ferozmente a Mário Soares nos tempos em que este metia o socialismo “na gaveta” para tentar salvar o país dos buracos em que o tal socialismo o tinha metido e prometia uma social-democracia a sério. Ama o PM que, depois de nos aproximar da ruína, dava à sola na primeira oportunidade.
Cada um ama o que ama. Mas inculcar que os portugueses amam Guterres acima de todos é falso, abusivo e ilegítimo. Tenho Guterres na conta de boa pessoa, mas não é nessa qualidade que os portugueses o conhecem, ou apreciam, ou amam, até porque, como pessoa, não o conhecem de parte nenhuma. Como político, que é o que interessa, quem o amará, para além de Marcelo?
O PS sempre esteve disponível para todos os diálogos, afirmou uma senhora que, com outros membros da família, faz parte do inner circle de Costa. Este, como é do conhecimento geral, jamais dialogou a sério fosse com quem fosse, para além, é claro, da geringoncial parceria. A brincar, talvez o tenha feito, isto é, os acordos a que chegou à direita foram, sem excepção, metidos no caixote do lixo. E, se se alapou com o poder, foi por recusar o diálogo em que os portugueses tinham votado. Eu sei que o papaguear ignaro da dona Ana Mendes tem, para nós, tanta importância como as eleições no Vanuatu. Mas, que diabo, é preciso lata, isto é, desonestidade visceral, para dizer que o PS é o campeão do diálogo.
20.02.18