FRUTA DA ÉPOCA
Depois de três testes terem dado negativo, um futebolista foi, pela dona Freitas, impedido de jogar. Dona Freitas telefonou ou mandou telefonar exigindo a sua expulsão de um jogo em curso. Parece que o rapaz tinha estado em contacto com um infectado. Manifestou sempre boa saúde e, apesar da diligente insistência das “autoridades” em testes e mais testes, nunca lhes deu o prazer de ser portador do vírus.
Milhares de jóvens – os turistas que restam ao Algarve – foram atacados pela GNR quando praticavam o nefando crime de estar juntos, à noite, a beber umas cervejolas.
Uns casais que levaram os filhos a um parque infantil foram objecto de acção da PSP, por incumprimento culposo dos limites impostos pela pandemia, leia-se, pelo governo.
Todos os dias, os media parangonam as mais terríficas notícias. Não poucas vezes, por exemplo, tenho visto assustadoras letras gordas anunciando a morte de uma senhora de noventa e três anos num lar em Freixo de Espada às Costas.
Nunca, ou quase nunca, fosse quem fosse encontrou em tais veículos estatísticas comparativas dos mortos de anos anteriores, comparando-as com os últimos meses. A “informação” é o que é, está ali para vender, o susto é que vende.
Os médicos que ainda têm algum amor à sua profissão e ao seu semelhante, que se preocupam com a saúde pública e que não estão borrados de medo ou encostados à bananeira, têm vindo, aqui e ali, nas raras vezes em que lhes dão oportunidade para tal, a chamar a atenção para a necessidade pública de se voltar à “medicina clínica”, isto é de se tratar da saúde por outras razões que não sejam a trampa nacional do covide. Mas a restauração do SNS é coisa que ainda não atingiu o limiar das preocupações do governo. A não ser, talvez, em sede de paleio de xaxa.
Eu sei que há uns heréticos a insistir no fim das catadupas de testes a gente saudável, a fim de lhes acabar com a saúde. Segundo tais e tão anti-sociais indivíduos, devia tratar-se quem está doente e deixar os demais dar cabo do vírus. Mas aí, há que reconhecê-lo, as “autoridades” socialistas e os seus seguidores, caguinchas e outros adeptos, têm que actuar com mão de ferro e sem contemplações. Há que ser polícias e bufos uns dos outros, coisa a que, nos nossos dias, se chama civismo democrático. E que se lixem esses parvos dos cancros, dos AVCs, dos diabetes de de outras actividades menos “cívicas”.
É a fruta da época. Está podre mas deve ser "biológica".
13.7.20