GENTE
Na minha qualidade de indivíduo anti-social, não sei quem é o senhor Bruno Nogueira. Minto. Aqui há uns anos vi, na televisão, um alegado “humorista” que se espojava em cuecas num banco de jardim. Não só não achei piada nenhuma como jurei a mim próprio nunca mais ver a criatura. Passaram anos e, para meu espanto, tenho lido por aí uns títulos a propagandear o enorme sucesso de tal cidadão na sua meritória tarefa de divertir o pagode.
Muito bem. Sem prejuízo da minha tão antipática quanto absusda postura, não tenho nada contra os que acham graça ao que acham que tem graça.
Hoje, porém, soube, via “Expresso” (jornal muito atento ao que está a dar e ao que é correcto), que a popularidade do senhor Nogueira ultrapassa a dos senhores de Belém e de São Bento. Se compaginar esta informação com as que referem que estes senhores estão, estratosfericamente, na mó de cima em tal matéria, fico inquieto. Será que estes senhores também são humoristas? Será que a plebe lhes acha graça? Tratar-se-á de uma nova pandemia, mais perigosa que a do covide? Estará a plebe, em geral, piado-contaminada? Será que eu sou gente?
Ficam estas perguntas à disposição das multidões de psicólogos, sociólogos, politólogos, graçólogos, covidólogos e demais “ólogos” que por aí pastejam. Que tirem as máscaras e lhes faça bom proveito.
Uma conclusão científica posso adiantar em relação à resposta de tão altas patentes da inteligência pátria à última das minhas perguntas: será um rotundo não. É que os incorrectos não são gente.
19.5.20