GRANDE HISTORIADOR
O auto proclamado historiador Tavares, muito conhecido e admirado por ter posto os cornos ao Louçã – guardando o lugarzinho no Parlamento Europeu que o homem lhe tinha oferecido – e hoje lider de uma sua criatura auto denominada Livre, resolveu fazer honras ao título que proclama e tanto preza, através de considerações várias sobre a dicotomia esquerda/direita. De um ponto de vista “histórico”, como é de ver.
Dando largas ao seu por ventura acendrado jacobinismo – coisa mais ou menos em desuso na extrema esquerda – o homem defende a sua dama, isto é, a absoluta necessidade de fundar a política na oposição sem tréguas entre esquerda e direita. E fá-lo através de um interminável série de loas aos benefícios da Revolução Francesa, coisa que, na sua esclarecida opinião, está na origem de todos e mais alguns dos direitos do homem. Os “bons”, os que defendem tais direitos, são a esquerda. Os “maus”, são os demais, mesmo que os defendam também.
O fulano esquece-se – obviamente de propósito – que a Magna Carta Libertatum entrou em vigor no século XIII (1215) e que a Câmara dos Comuns entrou em funcionamento pouco depois, funciona desde esses recuados tempos, e adquiriu a quase forma actual por volta de 1700. Esquece que cem anos antes da sacrossanta revolução francesa, já os britânicos tinham publicado a Bill of Rights, que ainda hoje, como a Magna Carta, faz parte das Leis Constitucionais do RU.
E, no deserto dos seus esquecimentos, ou da sua propositada ignorância, o “historiador” inventa que a palavra “comuns” foi criada pela tal revolução, embora já existisse há séculos do outro lado da Mancha.
Depois, ou antes, defende a “tese” que explica que a dicotomia esquerda/direita foi mais uma das brilhantes criações da magnífica Révolution. Sem se lembrar que os commons já se sentavam há séculos à esquerda e à direita do speaker, consoante as sua inclinações. Aliás, como toda a gente sabe, o Parlamento Britânico ainda hoje se arruma em duas bancadas, uma do lado esquerdo outra do direito, e não em hemiciclo como nos dos filhos do francesismo.
É difícil aturar pessoas tão evidentemente vesgas como este “historiador”. Mas ele lá tem a sua tribunazinha no “Público”, para ir contribuindo para a “cultura” do povo.
Paciência.
4.9.14
António Borges de Carvalho