HIPOCRISIA
Estou muito comovido. O notável jornal privado chamado Público, conhecida publicação especializada em dar três no cravo e zero vígula quatro na ferradura (escolha o leitor o que é o cravo e o que será a ferradura – eu sei mas não digo) resolveu, com certeza a propósito do Natal, oferecer hoje ao ignaro público – o propriamente dito - uma primeira página página digna dos maiores louvores.
Mas não é só o tal público quem merece a prestimosa oferta do Público
Contemplada com um presente de estalo, uma das mais desagradáveis personalidades da vida pública cá do sítio aparece no dito Público devidamente fotografada a várias colunas da primeira página. Merecimento não lhe falta, dir-se-á no Largo do Rato, sede da organização que estará por trás da iniciativa (honni soit qui mal y pense!).
Da dita figura pública é parangonada a frase chave de uma entrevista que deve ser interessantíssima. Assim: “Olhar hoje o PSD é até confrangedor”.
(Declaração de desinteresse: não li, nem vou ler, mais nada do que a personalidade em causa disse ao jornal, já que é quase tão difícil não a ver e ouvir todos os dias como evitar os programas do futebol. Mesmo sem querer, já sei o que ela diz de trás para a frente, da frente para trás e ao atravessado.)
De olho arrevesado na fotografia, a criatura dá largas á sua generosidade, simpatia, categria mental, e caridade socialista. Calcule-se como sofre o seu terno coração, tão confrangido está com a situação do PSD. Sim, meus senhores, lá no Rato, só de pensar que o PSD está mal, chora-se pelos corredores, ouve-se gritos de dor, de compaixão, de tristeza, de profundo desgosto. O Senhor Rio, em que a ratónica tribo tem tanta e tão merecida confiança, que tão útil tem sido à agremiação e às suas causas, está em tão má situação que bem merece uma manifestação clara de tão confrangida simpatia.
Aqui fica, preto no branco, a solidariedade do IRRITADO.
22.12.18