IGNORÂNCIA E JOGOS DE PODER
Cheio de fervor patriótico, o senhor de Belém manifestou a a sua indignação quanto aos “jogos de poder” que assolam a opinião pública sobre as trapalhices de Tancos. Acto contínuo, o chefe da geringonça aplaudiu tal preocupação, sublinhando a “total convergência” do governo e do Presidente.
De tal convergência toda a gente sabe, mormente os eleitores enganados pelos dois. Um apoderou-se do poder que os eleitores não lhe deram, outro veio a ser caninamente “convergente” com aqueles que, sem desejar que o viesse a ser, nele votaram.
Agora, julga-se que por causa de obscuros “jogos de poder”, estão os dois no mesmo barco, o draga-minas da “ignorância”. Os dois mais altos representantes da política nacional, perante um caso que classificam de gravíssimo, nada sabem. Ignoram. Não foram informados. Ninguém lhes disse nada. Ninguém lhes liga pêvas, nem os serviços secretos, nem os polícias, ninguém? Das duas uma: ou é assim e, nesse caso, prestam-se a ser considerados palhaços, ou sabem e não dizem que sabem, e andam a enganar os pacóvios, que somos todos nós, pelo menos na sua superior consideração.
Quem, afinal, anda por aí com “jogos de poder”? “Entidades” obscuras, anónimas, conspirativas, inomináveis, ou os dois grandes senhores da política?
Algo me diz que, ou há algum regresso à moralidade, ou estes tiros, o dos “jogos de poder” e o da "ignorância”, vão acabar por sair pela culatra.
6.11.18