"INFORMAÇÃO" E OPORTUNIDADE
Uma organização que não sei se é pública, privada, cooperativa, ONG, ou outra coisa qualquer, de seu nome Conselho de Finanças Públicas, tem por hábito analisar contas, avisar, dar conselhos, presumindo-se que o faz com independência uma vez que sempre se absteve de mostrar apoios ou denunciar preferências. Descobre carecas da geringonça como as descobria da troica ou do governo legítimo.
A face visível do tal conselho é uma senhora que infunde confiança e estima, mesmo quando diz coisas difíceis de engolir. Como as diz em várias direcções e sempre com fundamentos à vista, merece, pelo menos, o benefício da dúvida.
Julgo que ontem, deu uma entrevista à Rádio Renascença, com direito a imagens na televisão. Disse o que toda a gente sabe acerca do multipropagandeado défice de 2016, isto é, que foi obtido mediante medidas não repetíveis. Vai daí, a fulana da Renascença, sorridente, dá em dizer que talvez tenha sido “um milagre”. Ao que a senhora, também rindo, respondeu que talvez não.
A partir desta brincadeira (o “milagre” foi metido na boca da senhora pela jornalista), o chairman e o CEO da geringonça desataram aos gritos contra a entrevistada (dona Teodora Cardoso). “Milagres é só em Fátima, e para os crentes”, acusou o chairman Sousa; “não existem”, regougou o CEO Costa, seguindo-se a vigorosa condenação dos avisos dela.
Eis o que é, por um lado, a “informação” em Portugal - que faz de um inocente e bem disposto comentário um “caso” importantíssimo - e, por outro, o que é o oportunismo demagógico, mentiroso, chocarreiro e malcriado dos nossos chamados altíssimos representantes.
Nem desconto merecem.
2.3.17