INSTITUIR A BAGUNÇA
Como já tenho dito, não percebo nada de informática, nem de sites nem de bits nem de bites nem de rams nem de clouds, nem de etc.. Não sei o que são cookies, não abro mensagens de redes sociais, não quero saber se o senhor Seixas da Costa “postou” uma fotografia ou “alterou o seu estado”. Acho piada a ter um blog, e fico por aí.
Dito isto, verifico que, no caso de uma guerrinha qualquer entre o Sporting e o Benfica, uma dica ordinária (como é de timbre), foi bloqueada pelo fornecedor do serviço. Consta que, em muitas circunstâncias, os bloqueamentos são prática comum. Ou seja, entre nós como em toda a parte, é tecnicamente possível retirar plataformas digitais da net, nos limites da legalidade.
Por cá, as uberes e os não sei quantos são declarados ilegais pelos tribunais e pelo governo. Mas nem os tribunais nem os governos bloqueiam as respectivas geringonças digitais, quiçá em nome de novos deuses, tais a “inovação”, “as startups” ou outras martingalas da praxe, da moda ou do “futuro”. O chamado governo coopera com o que considera ilegal, isto é, contradiz-se a si próprio, desobedece aos tribunais, colabora activamente na ilegalidade e patrocina a instabilidade social. Essa coisa do Estado de Direito é para aplicar à la carte.
Ao contrário do que possam pensar, não venho pôr-me do lado das arruaças dos taxistas, malta por demais conhecida pela sua tradicional falta de chá, a ombrear com intersindicais e outras funestas organizações. Mas reconheço que, no fundo e à superfície, têm razão. Quem não tem razão é o chamado ministro do ambiente, que devia ser perseguido pela justiça por andar a fugir a ela.
Se eu quiser abrir uma tasca tenho que respeitar quinhentas e trinta e duas leis, três mil regulamentos, requerer trezentas vistorias e, é claro, pagar, pagar, pagar. À la limite, até é de pôr a hipótese de contribuir para o bem estar dos fiscais da câmara, a fim de não me fecharem a porta. Mas, se quiser fazer um negócio “uberizado”, não tenho leis nem regulamentos nem vistorias nem fiscais. Nem limites nem contingentes, como é o caso. Tudo de borla e à fartazana. Não vou contra. Mas, ou há moralidade ou comem todos.
Não é o caso. Nem o ministro, que é hipócrita, nem a geringonça, que é aldrabona, são desta opinião. Nem os chefes dos taxistas, que são selvagens e burros, percebem que andam a dar tiros no pé.
11.10.16