“INTELIGÊNCIA”
No “Observador” de hoje aparece publicado um teste, ao que parece destinado a avaliar criancinhas da primária. Parece que o tal teste se tornou “viral”, palavrão destinado a dizer que foi visto por muita gente. Não é referida a autoria da coisa, se do ministério, se de algum brincalhão, sendo legítimo pensar, via critério de analfabetismo e estupidez, que será daquele.
Segundo o “Observador”, os adultos não são capazes de responder às perguntas, não se esclarecendo o que se passa com ou miúdos.
A título de exemplo, o jornal adianta as seguintes três perguntas:
- Como é que se pode multiplicar 66 por 1,5 sem recorrer a cálculos matemáticos?
- Onde é que há mais pescado: numa loja de animais de estimação ou no rio?
- Como se podem colocar dez pessoas em torno de uma mesa quadrada se quisermos ter o mesmo número de pessoas em todos os quatro lados?
Para ajudar os “estúpidos” leitores, o artigo revela estúpidas respostas “certas”. Como segue:
- Virando 66 de pernas para o ar.
- É na loja de animais, porque o que está no rio não foi pescado.
- A resposta é um boneco com sete pessoas à volta de uma mesa.
Observações:
- Ao virar 66 de pernas para o ar, vira-se 66 de pernas para o ar, não se multiplica coisa nenhuma.
- Um imperdoável castelhanismo, em que “pescado”, adjectivo em português, é usado como “pescado”, substantivo em castelhano.
- Insondável milagre da desmultiplicação das pessoas, apimentado com um maravilhoso pontapé na gramática: o predicado “podem colocar” a concordar com o complemento directo “dez pessoas”, não com o sujeito indeterminado, 3ª pessoa do singular em todas as línguas latinas.
Assim, é provável que os pequenos alunos “testados”, se forem burros, dêem respostas “certas”, e que os adultos não analfabetos se irritem com as porcarias impingidas.
19.4.17