JUSTAS REIVINDICAÇÕES
Lá para os idos de 80, o PM Soares resolveu ir ao Japão com vasta comitiva. Uma senhora que eu conheço, à altura com boa imagem pública e êxito profissional, foi convidada para integrar tal comitiva. Não percebendo muito bem que utilidade poderia ter a sua participação no grupo, nem tendo nada a ver com o Japão, tratou a senhora de saber qual a razão do honroso convite. Após vários contactos, concluiu que a razão era o indesmentível facto de... ser mulher. Ofendida, mesmo depois de um telefonema da senhora Soares (nós, as mulheres... blabla), a senhora recusou a distinção, por não aceitar o critério. Se calhar, até lhe apetecia ir passear ao Japão, mas sem perda de dignidade.
Ainda há mulheres que pensam assim, mas não só serão poucas como estão fatalmente condenadas ao opróbrio e ao index de toda esquerda e de alguma direita. Uma atitude de uma intolerável incorrecção política! Hoje, o critério são as quotas, não a competência ou o mérito.
A prová-lo está uma, quanto a mim tresloucada, investida de uma “membra” do chamado governo, que acha que “paridade de género” deve ser obrigatória. Para já, 40% dos deputados passarão a ter que ser mulheres, a caminho dos 50%, ou mais. Depois, se uma mulher deputada sair do parlamento, terá que ser substituída por outra mulher. Os homens que estejam a seguir nas listas que se cheguem para lá. Se o cabeça de lista for um homem, o número dois tem que ser uma mulher. Por uma questão de “justiça”, a contrária não vale: se o primeiro já for mulher, nada impede que o número dois também o seja. De qualquer maneira será “absolutamente proibido” haver dois homens à cabeça, sob pena de a lista ser liminarmente rejeitada, por ilegal. Presumo que, por exemplo, o deputado do PAN, que é só um, tenha que andar de saia e saltos altos para compensar a ilegalidade. Ou então que não seja possível eleger menos que dois deputados, a não ser que o eleito seja mulher. Se forem duas mulheres, não há problema nenhum, como é evidente.
Desafio ao raciocínio do leitor. Cito, ipsis verbis, o pensamento da chamada ministra: O padrão que tem sido usado mostra que, numa lista com onze vereadores, se o vencedor elege cinco, e os outros partidos dois cada, como na lei actual a regra é de dois de um género e um do outro, em cinco eleitos do vencedor entra só uma mulher, e nos outros entram só homens, logo em onze eleitos há só uma mulher. Mas, segundo a proposta do governo, o vencedor tem de eleger uma mulher no segundo e no quinto lugares e os outros partidos, ao elegerem (sic) dois candidadtos cada, elegem três mulheres, logo a vereação passa a ter cinco mulheres vencedor tem de eleger uma mulher no segundo e no quinto lugares e os outros partidos, ao elegerem (sic) dois candidadtos cada, elegem três mulheres, logo a vereação passa a ter cinco mulheres. Simples, justo, normal, não é?
Adiante. Numa coisa, a chamada ministra falha estrondosamente. É que, de acordo com o politicamente correcto, não fala em sexo, mas em género. O que faz com que entre numa terrível contradição. É que os sexos são dois, e os géneros são às dezenas. Donde, para ser coerente, a referida criatura teria que arranjar quotas para todos os “géneros”: homos (gays e lésbicas), assexuados, hermafroditas, bissexuais, indiferentes, homens com mamas e mulheres com pénis, enfim, ela que pergunte à Catarina e à Isabel, que elas a esclarecerão quantos há, e como deve ser a distribuição. Até talvez aceitem que haja uma quotazinha para os straight. Também poderá consultar o PAN, no nobre ojectivo de dar uns mandatos aos cães e aos corcodilos.
Fica a sugestão.
22.10.18