MALEFÍCIOS DO TAVARES BOM
Costumo comprar o jornal privado chamado “Público”, órgão eminentemente socialista que, ironia do destino, vai, todos os dias, perdendo os últimos resquícios de interesse e de qualidade. No entanto, resta um ou outro opinador que, tipo raminho de salsa, costuma fazer xixi fora do comunicatório bacio.
Cá por casa, lemos o Tavares bom e, às vezes, o Tavares mau. Vão-se revezando, no “Público”, dia sim dia não. O mau (aquele careca que pôs os paus ao Louçã) vai despejando as suas teorias esquerdófilas, por vezes de forma inteligente. O bom, esse, vale sempre a pena ler.
A não ser… hoje.
Churchill dizia que um orador que não é capaz de dizer o que tem a dizer de improviso e em tempo curto não é orador nenhum. Estou de acordo. Hoje, porém, o Tavares bom desanca Passos Coelho por ter, no Pontal, falado de improviso e de forma serena. O que seria preciso, na sua expressa opinião, era trazer um discurso escrito, lê-lo num papel ou num ponto invisível, como o Obama ou o Sócrates. Uma oração que pusesse as massas em delírio, com frases ribombantes devidamente estudadas de forma a meter emoções fortes no peito dos assistentes, com o objectivo de pôr a malta em pé, aos pulos, aos gritos, aos vivas.
Passos, como é, felizmente, seu hábito, resolveu debitar uma série de irrefutáveis verdades, com a calma, a serenidade e a decência que lhe são peculiares. A malta não desatou aos gritos nem aos vivas. Ouviu as verdades, interiorizou, e foi para casa com alguma coisa para pensar. O consumo de copos depois da sessão deve ter sido fraquito, mas ficou, mais uma vez, a sensação de se ter aprendido alguma coisa e de se ter alguma coisa para pensar.
O meu “amigo” Tavares bom (nunca o vi), esse, perdeu uma boa oportunidade de dizer qualquer coisa de jeito. Uma pena.
16.8.16