MALTA CORRECTA
As cidadãs e os cidadãos abaixo assinados...
Abro um parêntesis:
Há uma regra geral na língua portuguesa propriamente dita que postula que uma categoria onde há machos e fêmeas é designada pela forma masculina. Assim, diz-se “os pais”, “os parentes”, “os irmãos”, etc., sem prejuízo de, em cada categoria, haver masculino e feminino. O politicamente correcto - universal desgraça muito comum em Portugal – impõe, analfabetamente, que não se diga, por exemplo, “os portugueses” – abrangendo homens e mulheres - mas sim “os portugueses e as portuguesas”, segundo fórmula que se julga ter, em má hora, sido inventada pelo sr. Balsemão. Numa época em que a “igualdade de género” é um dos mais queridos temas e nobres objectivos da sociedade política, se os cidadãos acima se citassem só no masculino, poderiam entrar na categoria de machistas, falocratas, misóginos, ou outras coisas piores. Manda o politicamente correcto que lhe sacrifiquem a língua.
A regra geral tem excepções. Por exemplo, diz-se “rebanho de ovelhas”, esquecendo os carneiros, o mesmo se passando com as cabras e outros substantivos colectivos. Julgar-se –ia que o politicamente correcto, em nome dos carneiros e dos bodes, se deveria revoltar contra esta humilhante situação, e comunicar o caso a umas entidades, autoridades, observatórios e outras porcarias que há para aí com copiosa fartura, bem como às associações de agricultores, criadores de gado, ao PC, etc. Mas não se revolta: a indignação é de sentido único.
É claro que também vicejam para aí as “presidentas”, como a Gelma e a viúva rica, mas, com as bojardas destas artistas ninguém se incomoda.
Temos que ter paciência, quando a língua é tratada, ou comandada, por “especialistas” tais a dona Edite Estrela e o intragável Malaca Casteleiro.
Fecho o parêntesis.
A distinta colecção de figurões e figurãs (respeitinho pela igualdade de género!) que começa o seu paleio com a frase que abre este post obedece ao politicamente correcto. Outra coisa não seria de esperar.
Frustrados do centro e da direita, cérebros do PC e adjacentes, gente tão ridícula como Freitas do Amaral, oportunistas como Sampaio da Nóvoa – o tal que está “disposto a tudo” –, o mentecapto Ferro Rodrigues, o banqueiro Cravinho, a dona Helena, a dona Lídia, o repugnante Pacheco, o sinistro César, o parvalhão Adão, etc., uma colecção de cérebros animada pelo objectivo comum da baralhar o jogo, actividade a que chamam “relançar a economia”, “servir o país” ou outros slogans que soam a falso ou a verdadeiro segundo quem os pronuncia. No caso, a falso, como é evidente. Falso e ignorante.
Economia? Quantos deles, se é que algum, já produziu alguma coisa para além de bocas e “ensinamentos”? Quantos já venderam ou compraram alguma coisa? Quantos sabem o que é um armazém, um stoque, uma guia de remessa, uma letra de câmbio, um aperto de tesouraria, um gerente bancário que é parvo, uma menina que tem quatro menstruações por mês, uma comissão de trabalhadores do PC, uma feira industrial, enfim, quantos deles têm um mínimo de noção ou de experiência na pequena economia, na que dizem ser o motor do desenvolvimento? Nenhum. Zero. Népias. Nicles.
Mas todos são capazes de perorar sobre as razões da estagnação, das dificuldades, dos constrangimentos, e de entrar na ladaínha ad nauseam repetida por populistas de meia tijela que cavalgam os problemas das pessoas, que os aumentam, os exploram, à procura de audiência e pelouro. Tudo, é claro, desde que seja contra o governo, um governo que não lhes dá poleiro, nem a eles nem a banqueiros ou seja a quem for. O resto é conversa.
Agora, descobriram que a melhor maneira de negociar com o Fakis e o Tripas é fazer o que eles querem. A ignorância, desta vez diplomática, financeira e económica, é de cabo de esquadra. Segundo eles, o governo português devia entripalhar-se todo, desatar aos gritos, ser mais papista que o Papa, deitar para o caixote os sacrifícios que temos feito, os – poucos mas bons – resultados que temos obtido, arranjar maneira de aumentar os juros, de fomentar a desconfiança dos mercados, enfim, tudo o que necessário seja para nos fazer regressar o mais depressa possível aos doces braços da troica.
Mas têm audiência nos media, reportagens, entrevistas, o diabo a quatro. Objectivo atingido. Politicamente correcto.
12.2.15
António Borges de Carvalho