MARTELADAS
Lembram-se da peregrina e repetidíssima história da mãezinha que, ao ver o filho a marchar com o passo trocado em relação ao dos outros magalas, concluía que os outros é que iam com o passo trocado?
Mutatis mutandis, é o que se passa com o chamado governo que por aqui temos. Não há uma única instância, um só think tank, uma única organização, desde a da dona Teodora à dos funcionários da AR, às agências de rating, aos bancos, aos jornais estrangeiros, ao diabo a quatro, que não diga que as contas do Centeno - ou dezeno, ou mileno, ou o que quiserem - estão erradas, que partem de pressupostos errados, que vivem de ovos nos rabinhos das galinhas, que aplicam receitas que jamais deram bom resultado fosse onde fosse. No entanto, os trigospereiras, os costas e quejandos, insistem que eles é que estão certos e tudo o que todos os outros dizem está errado.
Este falhoufakis à portuguesa só tem um guru, sabem? Um tal Pinto de Sousa, dito engenheiro Sócrates. Querem ver? Este andou anos a desorçamentar tudo e mais alguma coisa, a arranjar empresas públicas de direito privado para tirar os buracos delas das contas do Estado, etc.. O Centeno, com a bênção do Costa, resolveu que os aumentos dos salários sem mais nem menos e que os rios de dinheiro que está a deitar à rua não contam! É que, diz ele, se os cortes foram ditos extraordinários, as reposições também o são. Por isso não contam para o défice, diz ele. Vêm como, no fundo, é a mesma filosofia, a mesma ilusão, a mesma fé na estupidez dos outros?
Quando o merceeiro começa a ficar à rasca com as contas tal como são, chama o Zeca contabilista e encomenda-lhe umas marteladas, marteladinhas ou marteladonas, com o nobre objectivo de disfarçar uns tostões.
Mais uma vez mutatis mutandis, aí temos o Zeca Centeno no seu mais alto esplendor.
Onde é que isto vai parar? Nos tempos da segunda bancarrota socialista, a Europa tinha mais fôlego para colmatar as asneiras do socialismo nacional. Agora, meus amigos, a Europa tem margens de manobra política muito mais estreitas, o que quer dizer que estará muito menos disponível para aturar meninos aldrabõesinhos, centenos de meia tigela e contabilistas de esquina.
E nós,meus senhores, e nós?
28.1.16