MEIAS VERDADES E VERDADES MESMO
Anos atrás, quando o país lutava para gerir a bancarrota herdada do PS, a ministra das finanças Maria Luís, atenta à baixa dos juros, fez várias emissões de dívida destinadas a substituir juros altos por juros mais baixos, assim conseguindo diversas amortizações antecipadas dos créditos do FMI. Foi muito criticada pela esquerda. Tais amortizações “desviavam” o dinheiro do “bolso das pessoas” para pagamentos “desnecessários” aos tubarões do FMI. À época, o governo legítimo informou o país sobre a verdadeira natureza das emissões, não escondendo, antes assumindo, que se tratava de mera substituição, em melhores condições.
Após três anos de trapaça política, o governo, pela voz do usurpador, anunciou, tonitruante, que ia liquidar o que resta dessa dívida. Note-se, “ia liquidar”, e não “tinha liquidado”. A ver vamos se liquida ou não. Importante é sublinhar as diferenças. A triunfal declaração é feita assim, sem mais esclarecimentos. O que o chamado governo fez foi o mesmo que Maria Luís tinha feito, sem tirar nem pôr. A forma de o anunciar é que faz a diferença. No caso anterior, a verdade era toda dita, confessada a verdadeira origem dos pagamentos e a sua execução. Agora, o declarante deixa no ar que o seu triunfante governo vai, simplesmente, pagar, e mais nada.
É a habitual honestidade governamental, ou seja, a propaganda a obliterar a verdade.
2.12.18